O novo registo foi anunciado ontem pelo Boletim dos Cientistas Atómicos, a organização que gere o relógio desde a sua criação em 1947, confirmando que a aceleração foi motivada pela guerra na Ucrânia, pelo conflito no Médio Oriente e pelos crescentes arsenais nucleares das grandes potências. Em 2024 o relógio estaca nos 90 segundos, mas em 2022 manteve-se nos 100 segundos para a meia noite.
"Os Estados Unidos, a China e a Rússia têm a responsabilidade primordial de tirar o mundo do abismo. O mundo depende de uma ação imediata", alertaram em comunicado os cientistas.
O relógio avançou mais um segundo, depois de dois anos consecutivos a marcar 90 segundos para a meia-noite. O avanço, mesmo que de apenas um segundo, "deve ser tomado como um indício de perigo extremo e um aviso inequívoco de que cada segundo de atraso na inversão do rumo aumenta a probabilidade de um desastre global", alertou a organização.
Os cientistas acreditam que a guerra na Ucrânia, que vai já no seu terceiro ano, "pode tornar-se nuclear a qualquer momento, devido a uma decisão precipitada ou a um erro de cálculo".
A avaliação do boletim dos cientistas atómicos indica ainda que "o conflito no Médio Oriente ameaça descontrolar-se e transformar-se numa guerra maior sem aviso prévio", enquanto "os países que possuem armas nucleares estão a aumentar o tamanho e o papel dos seus arsenais".
"O processo de controlo de armas nucleares está a entrar em colapso e os contatos de alto nível entre potências nucleares são totalmente inapropriados, dado o perigo envolvido", lamentaram os membros da organização.
Lembram ainda que “o impacto das alterações climáticas agravou-se no último ano”, que “as doenças emergentes continuam a ameaçar a economia, a sociedade e a segurança do mundo” e que os avanços tecnológicos relacionados com a inteligência artificial “tornaram o mundo mais perigoso".
"Fazemos um apelo apaixonado a todos os líderes: agora é o momento de agirmos em conjunto! As ameaças existenciais que enfrentamos só podem ser abordadas através de uma liderança ousada e de uma parceria à escala global", disse o ex-Presidente colombiano Juan Manuel Santos, vencedor do Prémio Nobel da Paz, durante a apresentação do relatório deste ano.
A situação atual é pior do que em 1953, quando o relógio marcou dois minutos para a meia-noite, durante uma das fases mais tensas da Guerra Fria, quando tanto os soviéticos como os norte-americanos realizaram os seus primeiros testes de armas termonucleares.
A organização Boletim dos Cientistas Atómicos foi fundada em 1945 para alertar o mundo para o perigo de uma catástrofe nuclear e contou entre os seus membros Albert Einstein e Robert Oppenheimer, entre várias dezenas de outros cientistas de renome.
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