Este próximo evento representa um ensaio exaustivo para a missão principal Lucy na próxima década: a exploração de vários asteroides troianos que partilham a órbita de Júpiter em torno do Sol. Batizada em homenagem ao mais antigo fóssil humano descoberto até à data - por sua vez inspirado na canção dos Beatles “Lucy in the Sky with Diamonds” -, Lucy tem como tarefa estudar os misteriosos "asteroides troianos".

Vistos pela comunidade científica como "restos" da formação do Sistema Solar, há 4,5 mil milhões de anos, os dois grupos de rochas, todas com nome escolhido em referência a personagens da mitologia grega, acompanham o planeta Júpiter numa espécie de escolta, à frente e atrás, na órbita do Sol.

A missão Lucy foi lançada em 2021  e tem uma duração prevista de 12 anos. O primeiro encontro com os alvos definidos foi cumprido a 1 de novembro de 2023, e resumiu-se a um sobrevoo ao pequeno asteroide Dinkinesh, do cinturão de asteroides, e à sua lua, Selam. Deu à equipa da NASA a oportunidade de testar os sistemas que vão desenvolver durante o sobrevoo.

Veja as imagens da partida da missão

A maior aproximação de Lucy a Donaldjohanson - que tem um diâmetro de 4 quilómetros - terá lugar a 20 de abril, chegando a uma distância de 960 quilómetros. Cerca de 30 minutos antes da sua maior aproximação, a sonda orientar-se-á para seguir o rasto do asteroide, durante o qual a sua antena de alto desempenho se afastará da Terra, suspendendo as comunicações.

Guiada pelo sistema de orientação, Lucy vai rodar autonomamente para manter o asteroide Donaldjohanson à vista. Ao fazê-lo, Lucy realiza uma sequência de observação mais complexa do que a utilizada no asteroide Dinkinesh.

O vídeo da NASA explica a missão

Ao contrário do primeiro encontro, Lucy deixará de localizar Donaldjohanson 40 segundos antes da sua maior aproximação para proteger os instrumentos sensíveis da luz solar intensa.

"Se estivesse sentado no asteroide a observar a sonda Lucy a aproximar-se, teria de proteger os olhos olhando para o Sol enquanto esperava que Lucy saísse do brilho. Depois de Lucy passar pelo asteroide, as suas posições vão inverter-se, pelo que precisamos de proteger os nossos instrumentos da mesma forma", explicou Michael Vincent, líder da missão para a fase de encontro no SwRI (Instituto de Investigação do Sudoeste), em comunicado.

Lucy: o primeiro dia de uma missão de 12 anos para compreender a formação do Sistema Solar
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Estes instrumentos são concebidos para fotografar objetos iluminados por uma luz solar 25 vezes mais fraca que a da Terra, pelo que olhar para o Sol pode danificar as câmaras.

Este é o único dos sete encontros da sonda Lucy com asteroides com esta geometria complexa. Durante os encontros com troianos, tal como acontece com Dinkinesh, a sonda será capaz de recolher dados ao longo do processo.

Após a maior aproximação, a sonda deverá "recuar", reorientando os seus painéis solares em direção ao Sol. Cerca de uma hora depois, prevê-se que a sonda restabeleça a comunicação com a Terra.

(com Lusa)