Depois do adiamento para esta sexta-feira, a tripulação de astronautas da missão Crew-2 da SpaceX já está a postos para a partida em direção à Estação Espacial Internacional (ISS na sigla inglesa). A equipa é composta por quatro elementos: Shane Kimbrough e Megan McArthur da NASA, Akihiko Hoshide da agência espacial japonesa JAXA e Thomas Pesquet da agência espacial europeia ESA. A equipa vai juntar-se aos restantes residentes da Expedição 65 na ISS, que também chegaram no início de abril, prevendo-se uma estadia de seis meses.

A partir dos três minutos para o lançamento, a NASA começou os preparativos finais, e aos 40 segundos recebeu a luz verde final para o seu lançamento. Tal como esperado, o lançamento decorreu sem qualquer atraso, à hora marcada. Espera-se agora uma longa viagem de 23 horas, com chegada no sábado às 10h10 da manhã (hora de Lisboa).

Veja o vídeo do lançamento do Crew-2

Nos minutos seguintes depois do lançamento do Falcon 9, os diferentes estágios do foguetão foram sendo separados, assim como a cápsula Crew Dragon, para dar continuidade à sua jornada em direção à Estação Espacial Internacional.

O primeiro estágio do Falcon 9 executou as suas manobras para reentrar na órbita 10 minutos depois, e foi recuperado pelo navio drone Of Course I Still Love You da SpaceX. Já o Segundo estágio separou-se aos 12:30 minutos com sucesso, dando um último empurrão à Crew Dragon. Os astronautas comemoraram o sucesso do lançamento através de expressões e selfies com os seus smartphones, e puderam retirar o visor dos seus capacetes. Da Terra, nunca se perdeu o contacto visual com a cabine dos astronautas durante o processo.

A missão dos astronautas da missão Crew-2

A NASA diz que durante a sua estadia, os astronautas vão conduzir experiências científicas em órbita terrestre baixa, focados na investigação de chips de tecido de órgãos (Tissue Chips) que imitam a fisiologia humana em ambientes extremos do espaço. Tratam-se de modelos de órgãos humanos que contêm múltiplos tipos de células com o comportamento muito semelhante ao corpo humano.

O seu estudo vai permitir identificar novas terapêuticas, sejam medicamentos ou vacinas, muito mais rapidamente do que nos processos tradicionais. É referido que ao serem produzidas em microgravidade, estes tecidos dos órgãos crescem em três dimensões, muito perto dos elementos do corpo humano; ao passo que na Terra, o seu crescimento é mais lento e limitado. Um fenómeno que os cientistas ainda não compreendem totalmente é a comunicação entre células em microgravidade, diferente do seu comportamento na Terra.

Estão ainda a ser conduzidas investigações em torno do envelhecimento do sistema imunitário, resposta à imunidade dos pulmões, doenças musculosqueléticas, função renal, perda de músculo, entre outras.

Outra missão importante da tripulação da Crew-2 é a atualização do sistema de alimentação solar da ISS, através da instalação do iROSA (Roll-out Solar Array), que basicamente são painéis compactos que conseguem desenrolar-se como se fosse um gigantesco tapete de ioga, compara a NASA. Esta tecnologia está a ser desenvolvida desde 2009 e vai ser agora instalada, depois de testes feitos desde 2017 para a sua resistência e durabilidade. Já a tripulação da Expedição 65 vai começar a preparação da mudança dos painéis rígidos neste verão.

Uma das investigações que está a ser feita chama-se CHIME e centra-se no estudo das possíveis causas da supressão da resposta à imunidade em microgravidade. “A Microgravidade poderá causar mudanças no sistema imunitário humano, sendo uma das principais preocupações nas viagens espaciais de longo termo”, explica a NASA. A investigação CHIME pode ajudar a identificar as potenciais causas dessa disfunção, levando à descoberta de obter formas de prevenir ou agir contra isso. E a investigação não só ajudará os astronautas nas suas viagens, como aqueles que têm o seu sistema imunitário comprometido na Terra.

Crew-1 representou o lançamento de astronautas de solo americano

De recordar que a Crew-1 foi lançada no dia 16 de novembro, numa longa viagem que durou 27 horas e 33 minutos de voo. Foi uma missão histórica, porque recuperou de forma oficial o lançamento de astronautas de solo americano, com a primeira viagem comercial, em parceria com a SpaceX. Na bagagem os novos ocupantes da "casa" dos astronautas em órbita da Terra levaram com eles um bebé Yoda, que serviu de teste para a microgravidade e que foi desde o início uma estrela nas redes sociais.

Nota de redação: Notícia atualizada com o vídeo e imagens do lançamento. Última atualização 11h47.