Há uma nova ameaça à existência de vida em planetas idênticos à Terra. Com base em dados do Observatório de Raios-X Chandra, da NASA, e de outros telescópios, uma equipa de astrónomos descobriu que existe uma fase em que a radiação emitida por estrelas que explodiram pode afetar planetas idênticos à Terra a mais de 100 anos-luz de distância.

É possível que tal evento consiga impactar exoplanetas meses e até anos depois da explosão e dure décadas. Uma exposição tão intensa e demorada pode levar a uma situação de extinção no planeta visado.

O estudo partiu de observações de raios-X de 31 supernovas e das suas consequências, como as quatro das supernovas SN 1979C, SN 1987A, SN 2010jl e SN 1994I mostradas em imagens compostas, contendo dados do Chandra.

Entre as quatro supernovas do conjunto de imagens, a SN 2010jl foi a que produziu mais radiação. Os autores do estudo estimam que tenha fornecido uma dose letal de raios-X a exoplanetas a menos de 100 anos-luz de distância.

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Até agora, a maioria das pesquisas sobre os efeitos das explosões de supernovas concentrava-se no risco relativo a dois períodos: a intensa radiação produzida por uma supernova nos dias e meses após a explosão e as partículas energéticas que chegam centenas a milhares de anos depois.

Se uma "enxurrada" de raios-X varrer um planeta próximo, a radiação pode alterar-lhe severamente a química atmosférica, explica a NASA. Para um planeta parecido com a Terra, esse processo poderia eliminar uma porção significativa do ozono, que protege a vida da perigosa radiação ultravioleta da sua estrela hospedeira. Também poderia levar ao desaparecimento de um conjunto alargado de organismos, especialmente os marinhos na base da cadeia alimentar, levando a um evento de extinção.

Há fortes evidências que as supernovas ocorreram perto da Terra há cerca de dois a oito milhões de anos e que estavam entre 65 e 500 anos-luz de distância.

Embora a Terra e o Sistema Solar estejam atualmente em um espaço seguro em termos de possíveis explosões de supernovas, muitos outros planetas da Via Láctea não estão. Esses eventos de alta energia reduziriam efetivamente as áreas dentro da Via Láctea, conhecida como Zona Galáctica Habitável, onde as condições seriam propícias para a vida como a conhecemos.

Os resultados do estudo foram publicados recentemente no The Astrophysical Journal.