Quando partiu à boleia do Falcon9 da SpaceX, dentro do ION, o veículo espacial da D-Orbit, o PoSAT-2 carregava muitas expectativas da equipa da LusoSpace que contava testar uma série de operações com o satélite português que foi lançado mais de 30 anos depois do PoSAT original, numa nova investida portuguesa no espaço que conta com vários protagonistas.

PoSAT-2 é o primeiro de uma constelação de 12 microssatélites projetados para monitorizar o tráfego marítimo. Com um custo de cerca de um milhão de euros, o satélite foi posicionado numa órbita baixa, a aproximadamente 500 quilómetros de altitude, acima da Estação Espacial Internacional.

Embora tenha partido a 14 de janeiro, acompanhado do também português Prometheus-1, da UMinho, só a 23 de março o PoSAT-2 foi lançado para a órbita da Terra, tendo-se mantido guardado no ION até essa data, enquanto se realizavam manobras para aumentar a altitude e o posicionamento. No dia 26 de março foi estabelecida a primeira comunicação com o satélite e a verificação do procedimento, com a boa notícia de que tinha aberto os painéis solares, estava capaz de gerar a sua própria energia, e as comunicações foram estabelecidas.

Quatro meses depois do lançamento ainda não há muitas notícias sobre o que o PoSAT-2 está a fazer em órbita, mas Tiago Sousa, Technical Manager da LusoSpace confirmou ao SAPO TEK que a operação está a correr como previsto. Já foi concluída a fase de LEOP, que demorou cerca de um mês, e está agora a decorrer a fase de comissioning.

Veja as imagens do PoSAT-2

E o que quer isso dizer? “O LEOP é a fase do projeto que tem como objetivo ter o satélite seguro no espaço” explica Tiago Sousa, que diz que as principais tarefas nesta fase são localizar o satélite no espaço, parar o movimento de rotação, testar as comunicações e localizar corretamente a sua posição.

Recorda ainda as limitações que existem nas comunicações para o espaço e que tornam todos os processos mais lentos.

“Apenas conseguimos falar com satélite a cada 45 minutos, e com janelas de menos de 10 minutos. Requer muita coordenação, planeamento e precisão nas operações”, justifica Tiago Sousa.

A localização do satélite no espaço é apontada como muito importante para conseguir apontar corretamente as antenas das estações no terreno (Ground Stations). Também o processo de parar o movimento de rotação, já que quando o satélite é libertado no espaço fica a rodar aleatoriamente, é uma das tarefas durante o LEOP, assim como a identificação da posição do PoSAT-2, para a qual a equipa estava dependente de sistemas externos que demoraram a dar um posicionamento correto.

Esta fase demorou cerca de um mês, sendo concluída a 23 de abril, e o Technical Manager da LusoSpace diz que houve “grandes lições aprendidas pela equipa, muito importantes para as próximas etapas do projeto onde temos mais 11 satélites para colocar em operação no espaço”.

Estas são as imagens do lançamento a 14 de janeiro

Agora o projeto está na fase de comissioning, após a qual o PoSAT-2 estará pronto para iniciar as operações AIS e VDES. “Estamos agora a testar todos os subsistemas do satélite para confirmar que estão operacionais. Logo a seguir iremos fazer um teste ao sistema de controlo de atitude do satélite para confirmarmos que conseguimos mover o satélite para apontar a antena para um local mais importante, ou então para aumentarmos a exposição solar dos painéis”, justifica.

A previsão é que esta fase termine a meio de junho, e então será a vez de entrar em operações, com o sistema a ficar disponível para os clientes da LusoSpace. Mas o projeto não fica por aqui. “O sistema será melhorado com o lançamento dos próximos satélites, 5 a serem lançados já em outubro de 2025 e outros 7 em Fevereiro de 2026”, detalha Tiago Sousa.