Considerando que a poluição do ar continua a ser um dos principais problemas ambientais que o mundo tem de lidar, a Agência Europeia do Ambiente (EEA) salienta que esta continua a ser a causa de morte de um em cada oito europeus. Por isso, o satélite Copernicus Sentinel-5P tem sido o principal aliado no combate à poluição graças ao seu “olho vigilante” do espaço, responsável por acompanhar a evolução da qualidade do ar, nomeadamente as concentrações de dióxido de nitrogénio por toda a Europa.
Devido às medidas de contenção da COVID-19, o satélite tem sido particularmente importante para medir o impacto do isolamento das pessoas no meio-ambiente. Neste caso, num período de retoma económica e social, com o regresso das pessoas ao trabalho e os estudantes à escola, foram feitas observações da qualidade do ar na Europa, a partir da atmosfera e do solo, para tentar estabelecer uma correlação entre a pandemia e os efeitos da poluição.
No gráfico pode assistir a análise em cinco cidades europeias: Milão, Madrid, Paris, Berlim e Budapeste, numa observação de períodos de 14 dias entre março e setembro deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado.
A conclusão que os cientistas chegam é que de um modo geral, todas as cidades apresentam hoje menos poluição do que no passado, ainda que tenha havido picos superiores em algumas fases deste período de isolamento. Berlim e Budapeste foram as cidades em que os gráficos mais se aproximaram, mas de resto, as diferenças são notórias.
Os dados agora revelados mostram que as principais reduções foram de 40-50%, durante a primeira fase do confinamento no sul da europa, nomeadamente em Espanha, Itália e França. Mesmo em julho e agosto, com a maioria das medidas levantadas, essa redução de concentração ainda rondava os 10-20%, em relação ao período do ano passado, sem a sombra da pandemia.
Segundo Jenny Stavrakou, cientista de dados atmosféricos na BIRA-IASB, refere que o impacto da meteorologia nas observações do dióxido de nitrogénio pode ser significativo e não devem ser subestimados. “Por isso é que temos de analisar dados em longos períodos de tempo, para melhor estimarmos o impacto da atividade humana nas observações”.
Um aspeto positivo das observações é que existe uma sintonia apurada entre as observações do ar, feitos pelo Copernicus e as medidas realizadas no solo. Isso prova que o satélite é eficaz na monitorização a partir do espaço e pode contribuir para a qualidade do ar das cidades europeias, até aqui apenas feito com mecanismos terrestres.
A redução do dióxido de nitrogénio justifica-se pela menor quantidade de combustão feita pelos veículos, centrais energéticas e fábricas durante o isolamento.
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