Depois de orbitar em torno da Terra por quase cinco anos, o satélite Aeolus prepara-se para uma “morte” ardente, mas controlada. Se tudo correr como planeado, a reentrada assistida na atmosfera terrestre, a primeira do género, deverá ocorrer no final de julho ou no início de agosto e a Agência Espacial Europeia (ESA) está a preparar-se para intervir no processo.

Lançado a 22 de agosto de 2018, o satélite Aeolus tinha como objetivo recolher dados para ajudar os cientistas a melhorar as previsões meteorológicas, levando consigo o instrumento ALADIN, que permitia medir a velocidade do vento.

A missão terminou em abril deste ano, mas, de acordo com a ESA, o Aeolus só foi finalmente desligado na semana passada. A agência espacial explica que, agora, o satélite, que estava a uma altitude operacional de 320 quilómetros, está agora a cair em direção à atmosfera terrestre a uma velocidade de um quilómetro por dia.

Satélite Aeolus cada vez mais próximo da morte. ESA alinha tudo para uma reentrada assistida e segura
Principais fases da reentrada do satélite Aeolus. créditos: ESA

Com a descida a acelerar, os operadores da missão preparam-se para intervir no processo de reentrada. Note-se que o Aeolus não foi concebido para uma reentrada controlada. A ESA afirma que, em circunstâncias normais, o satélite reentraria na atmosfera terrestre de forma natural no prazo de alguns meses.

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No entanto, a agência decidiu avançar com uma reentrada assistida, de modo a mitigar o problema dos detritos espaciais e das reentradas descontroladas. Deste modo, os operadores vão aproveitar o combustível que resta para direcionar a missão para o oceano, reduzindo ainda mais a probabilidade de os fragmentos que restarem causarem danos se atingirem a superfície terrestre.

Satélite Aeolus da ESA que foi medir os ventos prepara-se para morte ardente mas controlada
Satélite Aeolus da ESA que foi medir os ventos prepara-se para morte ardente mas controlada
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Embora as previsões mais “otimistas” apontem para uma reentrada no final deste mês ou início do próximo, a ESA detalha que este processo dependerá muito da atividade solar, algo difícil de prever com exatidão. As erupções solares e as ejeções de massa coronal podem ajudar a acelerar a reentrada. Caso surja algum problema que obrigue a abortar a tentativa de reentrada, o satélite continuará o seu processo de reentrada natural, avança a agência espacial.

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