No primeiro dia do Digital with Purpose Global Summit 2024 não faltaram alertas sobre os riscos que a humanidade enfrenta com a redução da biodiversidade, a concentração nas cidades, a falta de mudanças na educação e a tendência para o greenwashing. E a urgência dos alertas está a aumentar, o que é visível nas intervenções dos oradores, sobretudo porque os problemas continuam a amontoar-se, sem que se antecipe uma mudança, e em alguns casos estão mesmo a acelerar. Assinala-se que vivemos tempos perigosos, que se aproxima um tsunami, e que não basta saber nadar para sobreviver.
Esta é a terceira conferência do movimento Digital with Purpose, promovido pela Global Enabling Sustainability Initiative (GeSI) e na sessão de abertura as várias intervenções referiram os dados da ONU que mostram que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) vão falhar as metas de 2030. A constatação não é nova, mas aqui pretende-se encontrar soluções para o problema, com foco no digital, mostrar casos e exemplos de quem está a fazer a diferença e estimular a ação da sociedade.
"A humanidade está confrontada com várias crises simultâneas", lembra Luis Neves, CEO do GeSI e impulsionador da conferência que se realiza pela terceira vez em Portugal, referindo conflitos armados, a mudança climática, a redução da biodiversidade. "A nossa trajetória atual é insustentável", sublinha. A iniciativa GeSI nasceu em 2017 e tem colocado o digital no centro da agenda da sustentabilidade, solidificando parcerias e "juntando as melhores mentes e líderes que não têm medo de contrariar os status quo", afirma. O objetivo é conseguir um futuro mais sustentável para todos e apesar dos alertas há uma visão positiva de que o esforço conjunto pode trazer resultados.
"Podemos queixar-nos, a crítica não custa nada e há muitas coisas que fizemos mal", admite Luis Neves que defende que é importante dar um passo em frente e encontrar as soluções, e que temos à nossa disposição as ferramentas para o fazer.
"Há um potencial de conseguir um desenvolvimento sustentável com a digitalização", passando de pequenas melhorias a verdadeiras alterações e mantendo o Humano no centro da equação.
"Este é o nosso propósito, de catalisar a mudança e inspirar o uso da tecnologia como uma força para o bem sustentável. Estamos a colocar a inovação e as soluções digitais no centro da sustentabilidade", afirma o líder do projeto, lançando o repto para a ação a todo o auditório.
Estas são algumas das imagens do primeiro dia partilhadas pela organização
Mudanças urgentes para o Planeta
Biodiversidade, Smart and Sustainable Cities, Educação e Finanças Sustentáveis são os temas em destaque durante os três dias da conferência, com foco em alguns dos tópicos mais relevantes para os líderes das organizações, e as primeiras sessões depois da abertura foram um resumo daquilo que é possível esperar durante os três dias, onde estão previstos debates, apresentações e workshops.
Aqui também os alertas se multiplicaram, com Helena Freitas, Professora e Chair na UNESCO, Giorgia Rambelli, Diretora da Innovation Urban Transitions Mission, Veerle Vandeweerd, Co-fundador da Transforming Education Alliance e Lucas Arangüena, responsável pela área de Green Finance do Santander, a concordarem com a visão da urgência da mudança.
"Vivemos em tempos perigosos", sublinhou Helena Freitas, lembrando a perda da biodiversidade e o efeito que isso tem no planeta e nas sociedades. "As comunidades percebem que temos de encontrar soluções para nos adaptarmos e mitigar a mudança ambiental. É uma agenda crítica, económica e política", afirma, sublinhando que esta mudança é imparável e desafiante e que por isso é tão importante acelerar a agenda digital e colocar as pessoas no centro da estratégia.
"É uma crise planetária [...] o colapso está próximo e há a necessidade urgente de restaurar a natureza, o financiamento tem de ser colocado nesta área", sublinha Helena Freitas, afirmando que é preciso que as pessoas se religuem à natureza. "Não estamos a assistir a um filme [...] é crítico para a nossa sobrevivência"
Também na educação foram apontados riscos e desafios. "Estamos a usar o mesmo sistema há décadas [...] temos de mudar a forma como ensinamos e aprendemos, não é só decorar mas aprender a pensar e a ser melhores cidadãos", destaca Veerle Vandeweerd, Co-fundador da Transforming Education Alliance, afirmando que "temos de mudar se quisermos preparar as nossas crianças para um futuro que será digital". Isso passa também por ensinar sustentabilidade nas escolas e educar para o sentido crítico em relação à informação, evitando as fake news.
"Se quisermos um mundo sustentável temos de dar às pessoas o conhecimento e ferramentas para enfrentar esta realidade, e elas existem, até com jogos", destaca a diretora da Innovation Urban Transitions Mission.
A criação de cidades inteligente e a aproximação à sustentabilidade com a tecnologia, para melhor gestão de infraestruturas, redução de consumo de água e energia e a criação de melhor qualidade de vida foram temas abordados por Giorgia Rambelli, que destacou que é importante que estas soluções sejam acessíveis a todos, e não apenas aos países ricos.
No mesmo painel, coube a Lucas Arangüena, do Santander, falar sobre Finanças sustentáveis. O gestor sublinhou a necessidade de uma aproximação consistente ao tema, e um framework que possa ser comum para "sermos mais rigorosos na forma como estamos a medir as finanças sustentáveis e catalogar uma empresa como 'verde' ou sustentável", admitindo que há muito greenwashing. Lucas Arangüena destaca também a necessidade de começarmos a medir o risco nesta área, e o impacto que a mudança climática pode ter nas organizações.
Do lado positivo os oradores do painel concordam que há agora um maior compromisso com a mudança, da parte da sociedade e das pessoas, que pode impulsionar as decisões políticas e económicas. Numa mensagem final ficou a ideia de que temos de trabalhar juntos, tomar decisões corajosas e acelerar o passo, trazendo a Natureza para mais perto da atividade humana, e que são estes os fatores cruciais para a mudança desejada.
A conferência Digital with Purpose Global Summit 2024 decorre no Centro de Congressos do Estoril, em Cascais, nos dias 9, 10 e 11 de julho mas pode acompanhar a transmissão em streaming dos keynotes e debates no palco principal aqui no SAPO TEK, que é media partner do Summit.
Veja as imagens da conferência
O SAPO TEK é Media Partner do Digital with Purpose Global Summit 2024 e pode acompanhar tudo no dossier que criámos.
Para além da transmissão online, os leitores podem ainda ganhar um bilhete para participar no Digital with Purpose Global Summit 2024. Só têm de estar entre os 10 primeiros a enviar um email para o endereço geral@tek.sapo.pt
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