O ano de 2024 foi marcado pela explosão da Inteligência Artificial, mas e agora? Quais as próximas tendências tecnológicas que vão moldar o futuro? Na talk “The 2025 Tech Prediction” do Web Summit três especialistas partilharam as suas visões: Fedra Ribeiro, da Bosch, Kanchan Ray, da Nagarro, e José Pedro Nascimento, da MEO. Entre previsões e alertas, a conversa abordou como a IA continuará a evoluir, impactando as nossas vidas de forma cada vez mais profunda e personalizada.

Kanchan Ray prevê que o uso de "copilotos" de IA nos locais de trabalho vai tornar-se cada vez mais comum. Para ele, as ferramentas de IA autónomas – os chamados agentes de IA - e as ferramentas colaborativas - os “copilotos” - vão transformar a forma como trabalhamos.

“Em breve, quase todas as funções terão uma IA a ajudar”, seja um programador a usar uma ferramenta de copiloto ou um CEO a obter insights mais rápidos para a tomada de decisões.

José Pedro Nascimento partilhou como a MEO está a implementar inteligência artificial nas operações da rede para otimizar custos e aumentar a qualidade dos serviços. Além disso, a tecnologia também já é usada para melhorar a experiência no atendimento ao cliente. “Criámos um centro de IA para coordenar todas as iniciativas e garantir que as prioridades e os casos de uso sejam bem definidos”, revelou, destacando a importância de um planeamento estruturado no uso da IA.

Sobre o ambiente competitivo e a acessibilidade à IA, Fedra Ribeiro apontou que a Bosch investiu em áreas críticas para assegurar a resiliência da sua cadeia de valor, especialmente num momento em que a economia global está cada vez mais polarizada. “É essencial garantir que conseguimos apoiar os nossos parceiros, quer em software quer em hardware, adaptando a produção onde for necessário”, afirmou, mostrando uma abordagem estratégica para enfrentar a volatilidade do mercado.

Kanchan Ray falou ainda sobre a importância da “explainability”, ou seja, da capacidade de explicar e rastrear as decisões da inteligência artificial, como uma tendência forte para 2025.

“Hoje tratamos muitos modelos de IA como caixas-pretas, mas isso não será sustentável a longo prazo. Em breve, veremos uma maior transparência nos algoritmos e nos dados usados”, disse Kanchan Ray.

Esta clareza será crucial para reduzir riscos e entender melhor os vieses, tornando a inteligência artificial mais segura e confiável, considera.

Quando questionado sobre o risco da IA generativa, José Pedro Nascimento sublinhou a necessidade de um uso controlado. “É preciso garantir um ambiente seguro e controlado para lidar com a enorme quantidade de dados que treinam estes modelos”, destacou. Já Fedra Ribeiro salientou a importância da ética no desenvolvimento de tecnologias, mencionando que a Bosch criou um código de ética para a IA.

“Para nós, é fundamental educar os nossos parceiros e clientes sobre o uso responsável da IA”, sublinhou Fedra Ribeiro.

Kanchan Ray e José Nascimento destacaram a importância de encontrar um equilíbrio entre a inovação e o controlo. “Nenhum modelo de IA é 100% preciso, e também os humanos não o são. Mas precisamos de monitorizar e entender o que acontece dentro dos modelos para poder melhorá-los”, defendeu Kanchan Ray. A transparência será, assim, um pilar para a próxima geração de IA.

Questionado sobre conselhos para quem quer explorar a inteligência artificial, José Nascimento sublinhou a importância de uma visão completa do ciclo de inovação. “É essencial testar e garantir que a ideia é viável, mas também ser muito cuidadoso com a segurança”.

Para Fedra Ribeiro, o segredo para as empresas será criar parcerias estratégicas, especialmente em tecnologia de alto custo como a IA. “Seja um grande negócio ou uma startup, foque-se no que o utilizador final valoriza e está disposto a pagar. Ter um ecossistema de parceiros é essencial para partilhar investimentos e riscos”, sugeriu.

Olhando para 2025, o consenso entre os três especialistas é que a inteligência artificial fará parte do quotidiano de todos. Para Fedra Ribeiro os LLM vão crescer exponencialmente e integrar-se cada vez mais no nosso dia a dia, uma visão partilhada por José Pedro Nascimento, que acrescenta que dentro de três anos “já ninguém vai trabalhar sem um ‘copilot’ nas suas vidas”.

Já Kanchan Ray acredita que o futuro passa por uma “híper ultra personalização”. A IA trará uma personalização sem precedentes, tornando a experiência de cada utilizador única. “Vai ser sobre cada um de nós, e não sobre uma generalidade”, afirmou entusiasmado.