A confiança do público nos carros autónomos está a cair. Depois de vários acidentes terem feito as manchetes da imprensa especializada, um inquérito concluiu que 73% dos condutores norte-americanos teriam medo de viajar num veículo deste género. O valor representa um salto de 10% face aos resultados obtidos no final do ano passado pela AAA (American Automobile Association).

No passado mês de Março, um automóvel autónomo da Uber atropelou uma mulher de 49 anos, em Tempe, no Estado do Arizona, que acabou por não resistir aos ferimentos. Algumas semanas mais tarde, um Tesla despistou-se e incendiou-se logo de seguida, provocando a morte do condutor. Apesar de estes casos estarem associados a duas fatalidades, estão também registados inúmeros outros acidentes que provocaram ferimentos menores nos envolvidos.

Com base neste cenário, a AAA contactou 1.014 adultos por telefone, durante a primeira semana do passado mês de abril, para colocar três questões: "Enquanto condutor, sente-se confortável com a ideia de viajar num carro inteiramente autónomo? Estão os condutores norte-americanos confortáveis com a ideia de partilhar a estrada com veículos autónomos enquanto caminham ou conduzem uma bicicleta? Querem os condutores norte-americanos, tecnologia semi-autónoma no seu próximo veículo?".

Autocarro sem condutor tem acidente no primeiro dia de serviço. Mas sem culpa
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As respostas obtidas dão destaque a um conjunto de detalhes relevantes. De acordo com a associação, 63% confessaram que se sentiriam menos seguros ao partilhar a estrada com veículos autónomos, caso seguissem a pé, ou de bicicleta. Um em cada cinco condutores afirmou que confiaria na coexistência em via com estes veículos e 7% disseram "não ter a certeza". Uma análise de género mostra que as mulheres (83%) demonstram maior receio que os homens (63%).

Adicionalmente, 64% dos millenials responderam que teria medo de viajar num carro totalmente autónomo. Em 2017, este mesmo valor chegava apenas aos 49%.

Apesar de estes resultados ficarem em linha com aquelas que têm sido as conclusões da maioria dos estudos que se têm realizado nesta área, a indústria sublinha a volatilidade destes números, uma vez que grande parte dos condutores ainda não teve a sua primeira experiência com um carro autónomo. Recorde-se que apesar de estarem a ser conduzidos vários testes, ainda não existem carros totalmente autónomos à venda.

A percepção dos consumidores vai certamente impactar o sucesso desta tecnologia. Para a influenciar, a Intel está neste momento a produzir um conjunto de anúncios, em parceria com o basquetebolista LeBron James. A Waymo, da Google, é outra das empresas envolvidas no sector que tem uma campanha publicitária em desenvolvimento. A resposta das empresas aos acidentes que vão minando a imagem pública dos sistemas autónomos, também terá certamente um grande impacto na forma como os consumidores analisam os perigos e as vantagens desta tecnologia.