
Desde 2003, quando o Concorde fez a sua última aparição nos céus, que o mundo nunca mais assistiu a voos supersónicos. Os Estados Unidos adotaram uma lei no dia 27 de abril de 1973 que baniu os voos supersónicos no país devido à emissão de ruído. Lei que ainda se manteve no país até recentemente. Mas a Boom Supersonic tem vindo a convencer os legisladores de que é possível rasgar o céu em velocidade supersónica sem fazer barulho, permitindo viajar entre Paris e Nova Iorque em apenas três horas.
A Boom Supersonic testou no final de janeiro uma tecnologia diferente daquela que tem sido usada em projetos do género, inclusive pela NASA com o X-59 Quest, e conseguiu bater a barreira do som com o seu avião XB-1, sem impacto sonoro no solo. Agora Blake Scholl, fundador e CEO da startup, começou a delinear os planos para que o seu primeiro avião, batizado de Overture, inicie os voos comerciais em 2029, disse em entrevista ao The Wall Street Journal.
Veja na galeria imagens do avião:
A primeira fábrica da empresa foi construída no ano passado em Greensboro, local onde vai ser feito o avião e que já se encontrar a produzir o protótipo de um motor para alimentar o Overture. Depois de ter testado com sucesso o protótipo mais pequeno, espera estar pronta para começar a trabalhar no modelo completo para os primeiros testes em 2027.
O CEO da empresa disse que aviões como o Concorde falharam devido a modelos de negócio mal concebidos, entre outros problemas organizacionais na dificuldade das empresas aeronáuticas e adaptarem-se para produzir este tipo de produtos. O problema nunca foi a tecnologia supersónica, esta sempre esteve presente.
O sonho de Blake Scholl está a ser alimentado por diversos investidores de peso, incluindo Elon Musk, Donald Trump, o CEO da OpenAI Sam Altman ou antigo CEO da Boeing, Phil Condit, que tem lugar no quadro de direção. As companhias aéreas United, American Airlines e Japan Airlines fizeram as encomendas preliminares para futuros aviões. E numa recente ronda de investimento, quando estiver completa, a empresa ficará avaliada em mil milhões de dólares.
Veja o vídeo
A caminhada não tem sido fácil para a empresa e até tem líderes céticos no projeto, como Ed Bastian, CEO da Delta, que aponta o avião como um recurso muito dispendioso, considerando a limitação dos 75 passageiros que é projetado transportar. E por isso não tem planos para adquirir os aviões Overture. Já Blake Scholl culpa a falta de viagens supersónicas pelo domínio da indústria pela Boeing e a Airbus, incapazes de agitar os seus modelos de negócio.
Nos testes realizados em janeiro, foram colocados microfones da NASA no solo para registarem os níveis de ruído. Confirmou-se que não existiu variação, mesmo quando a barreira do som foi quebrada por três vezes. O avião foi controlado pelo piloto de estes Tristan Brandenburg, um graduado da Escola Naval dos Estados Unidos, que foi instrutor da academia Top Gun (que ficou conhecida nos filmes de Tom Cruise).

A empresa admite que não houve grande novidade nos princípios de física que permitiram conduzir a experiência com sucesso. O que faz realmente a diferença são os avanços na tecnologia dos motores e nas capacidades de computação, que permitem obter e trabalhar mais dados meteorológicos e de forma mais precisa.
Na reportagem do The Wall Street Journal, o líder da Boom Supersonic diz que para diminuir o barulho do avião está a usar uma técnica chamada Mach cutoff, que tem algumas limitações e ainda não convenceu todos os especialistas no assunto.
O certo é que a empresa obteve na última sexta-feira a melhor notícia que poderia desejar para o seu futuro. A tal lei que proibia os voos supersónicos, com mais de 50 anos, acabou de ser anulada por uma ordem executiva assinada por Donald Trump. Outra barreira que a empresa pretende quebrar é sobre o preço das viagens. Na era Concorde, um lugar para uma viagem entre Londres e Nova Iorque custava cerca de 10.000 euros nos anos 1990. No Overture, estima-se um preço de 1.700 euros.
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