
O avião supersónico Concorde, fruto de um consórcio entre o Reino Unido e a França, foi dos últimos modelos a “rasgar” os céus, permitindo viagens bem mais rápidas que as ofertas de voos comerciais tradicionais. O abandono da tecnologia se deveu em grande parte aos elevados custos de manutenção, mas também pelas emissões de ruído. E os Estados Unidos adotaram uma lei no dia 27 de abril de 1973 que baniu os voos supersónicos no país.
São mais de 50 anos de uma lei que está estagnada em relação à evolução da tecnologia. Blake Scholl, fundador e CEO da Boom Supersonic, numa nota na rede social X, disse que é hora de mudar as leis e voltar a legalizar os voos supersónicos. Compara a nova lei como muitas das “absurdas” impostas em diferentes Estados do país. “Por mais de meio século, os Estados Unidos mantêm um limite de velocidade no país”.
Veja na galeria imagens do voo inaugural do avião:
A lei que supostamente é atribuída à proibição dos voos dos aviões supersónicos deve-se ao barulho. A questão é que já existem atualmente aviões em teste que são silenciosos, mas que são abrangidos pela mesma lei e não podem voar. A Boom Supersonic tem vindo a testar o seu avião supersónico silencioso com o objetivo de começar a comercialização do aparelho.
A Boom Supersonic testou no final de janeiro uma tecnologia diferente daquela que tem sido usada em projetos do género, inclusive pela NASA com o X-59 Quest, e conseguiu bater a barreira do som com o seu avião XB-1, sem impacto sonoro no solo. Durante a experiência, microfones da NASA colocados no solo registaram os níveis de ruído e confirmaram que não existia variação, embora durante o teste a barreira do som tenha sido quebrada por três vezes.
Blake Scholl diz que a lei de 1973, que baniu os aviões supersónicos, foi criada para proteger as pessoas do barulho. “Mas na verdade, o que aconteceu foi banir a velocidade e o progresso em voo. Nem todas as viagens supersónicas fazem barulho audível”. E acusa que a lei teve uma consequência não intencional de estagnar a inovação americana na aviação. “As viagens de passageiros supersónicas poderiam ter começado com aviões pequenos, tais como os jatos de negócios, desenhados para viagens costa-a-costa. Mas a lei supersónica efetivamente tornou-os ilegais nos Estados Unidos.”
Afirma que a indústria, compreensivelmente, escolheu não investir num avião supersónico, fechando a porta naquilo que poderia ser o próximo capítulo da aviação. E aponta que o mundo apenas se lembra do icónico Concorde, que era economicamente inviável, operando em algumas rotas para transportar a realeza e estrelas de rock. Mas aponta que se perdeu algo, os benefícios económicos e culturais das viagens rápidas. “Chegar ao destino mais rápido não é apenas uma questão de poupar tempo, pode ser a diferença entre o ir ou não ir”. E dá o exemplo de como ninguém ia para o Havai antes das viagens de avião e como a região se tornou um dos principais destinos de férias atualmente.

Compara o atual período como a era medieval da aviação comercial, com mais de seis décadas sem uma aceleração nos voos. Os engenheiros de topo são desviados para empresas de computação e internet, onde são livres de inventar. E aponta o dedo à China, que recentemente revelou planos para aviões supersónicos de passageiros. “A menos que que inventemos e construamos a próxima geração de aviões, a liderança na aviação vai passar da América para a Ásia, tal como aconteceu com os chips”. Considera que a corrida para as viagens supersónicas começou e será crítico para os Estados Unidos ganhar.
A empresa garante que os avanços em materiais científicos, aerodinâmica, computadores e motores tornaram possível construir um avião supersónico que voa sem produzir som audível até certas velocidades. Isso é possível com um conceito de física chamado “Mach cutoff”, em que o som, conhecido como sonic boon, refrate na atmosfera sem chegar ao solo. Blake Scholl diz que as investigações privadas indicam que estes sons podem ser reduzidos a níveis comparáveis aos ruídos urbanos do dia-a-dia, tais como portas dos carros a fechar.
“Implementar esta abordagem de som para o supersónico poderia alinhar-se com a intenção original, a de proteger o público de sons prejudiciais, ao mesmo tempo que permite estabelecer a base de trabalho para a inovação”, aponta Blake Scholl.
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