O Reino Unido publicou um conjunto de princípios que devem guiar o desenvolvimento e acesso justo aos modelos fundacionais de inteligência artificial, para proteger a concorrência e os cidadãos. A iniciativa do regulador da concorrência surge depois de uma análise aos grandes modelos de linguagem que estão a servir de base ao desenvolvimento das mais diversas aplicações IA lançadas nos últimos tempos, como a plataforma na base do ChatGPT e outras.
O que se pretende é definir princípios para que a forma como as empresas que controlam e gerem estes modelos assegurem a transparência da tecnologia para os utilizadores, e não alcancem um poder tal que interfira com a concorrência e comprometa o potencial da tecnologia.
São sete princípios, para proteger os consumidores e impedir que os modelos de IA sejam controlados de forma obscura por um pequeno grupo de grandes empresas de tecnologia, ou impedir que estas empresas atrelem a tecnologia a plataformas fechadas ou tenham caminho aberto para lançar produtos agregados que criem uma vantagem desleal para a concorrência.
Transparência, práticas de negócio justas, flexibilidade (para poder usar diferentes modelos), opção de escolha, diversidade, acesso e rastreabilidade são os sete tópicos que resumem estes princípios, mais detalhados no comunicado oficial.
"O papel da CMA consiste em ajudar a moldar estes mercados de forma a promover uma concorrência forte e uma proteção eficaz dos consumidores [...] em mercados em rápido desenvolvimento como estes, é fundamental que nos coloquemos na vanguarda desta reflexão, em vez de esperarmos que surjam problemas para só depois intervir e corrigir”, justifica a diretora do CMA, Sarah Cardell.
A responsável lembrou que o poder das tecnologias de IA para a produtividade e para a simplificação de milhões de tarefas do dia a dia, se os desenvolvimentos em torno da tecnologia concretizarem o seu potencial positivo. O controlo dos grandes modelos fundacionais da IA por meia dúzia de empresas pode bloquear esse potencial e cabe aos reguladores assegurar que isso não acontece e que os benefícios da tecnologia chegam o mais possível a toda a economia.
"É por isso que propomos hoje estes novos princípios e lançámos um vasto programa de colaboração para ajudar a garantir que o desenvolvimento e a utilização de modelos de base evoluem de uma forma que promove a concorrência e protege os consumidores", acrescentou a responsável.
Os princípios alinhados pelo regulador vão agora ser discutidos com as grandes empresas do sector, mas o objetivo é que passem a ser uma referência para os reguladores que vão supervisionar os temas da IA no país. Essas competências, está já definido, vão ser divididas por vários reguladores como o da concorrência, proteção de dados, segurança, entre outros.
O Reino Unido recebe daqui a menos de dois meses uma grande conferência internacional sobre inteligência artificial responsável, que vai acolher especialistas de todo o mundo e que tem sido precedida de várias decisões do país nesta matéria. O Reino Unido quer posicionar-se como um dos maiores centros de conhecimento e empresas de IA a nível europeu e global.
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