A grande procura de computadores durante o confinamento ditado pela pandemia, tornou os Chromebooks em soluções acessíveis e eficazes para os estudantes que precisavam de participar no formato telescola. Mas um estudo partilhado pelo movimento PIRG (Public Interest Research Group) nos Estados Unidos revelou que três anos depois a adoção destes portáteis não terá sido a melhor ideia para o meio ambiente.

Os dados revelam que muitos Chromebooks comprados há apenas três anos já estão a avariar-se, criando desperdício eletrónico. Por ter como público os mais jovens, estes portáteis estão em constante utilização abusiva e falta de cuidado, acabando por avariar. No entanto, há falta de peças de substituição para os mesmos e as reparações acabam por ficar demasiado dispendiosas.

O PIRG refere que 14 de 29 teclados que precisavam de ser substituídos estavam com falta de stock, sendo que 10 deles custavam perto de 90 dólares a substituir. Ou seja, metade do preço de um portátil Chromebook novo. Refere que no caso da HP, apenas havia stock de cabos de alimentação e transformadores de corrente para um modelo, mas sem qualquer outro componente de substituição adicional.

A organização diz que os Chromebooks têm uma “data de expiração” em que deixam de receber atualizações e ficam sem acesso a websites seguros. E acrescenta que os professores reportaram que os portáteis expirados não conseguem aceder aos websites de teste de estado online. E acusa as fabricantes de que os Chromebooks são construídos para não durarem, sobretudo por causa da data de expiração das atualizações de software, mesmo que o seu hardware tenha anos de vida pela frente, como referiu a diretora de sustentabilidade do website iFixit, Elizabeth Chamberlain, à organização.

Reforça que as políticas de oferecer um portátil a cada estudante vieram para ficar e que as consequências de balancear a utilidade e sustentabilidade são enormes. Nas suas contas, ao duplicar a duração de vida dos Chromebooks para os 48,1 milhões de estudantes do ensino secundário público dos Estados Unidos, poderia poupar aos contribuintes cerca de 1,8 mil milhões de dólares, assumindo que não existam mais custos adicionais de manutenção.

O estudo alerta a Google com as suas recomendações de que deveria duplicar a vida destes portáteis, aumentando a Expiração da Atualização Automática para todos os modelos para 10 anos após o seu lançamento no mercado. A gigante tecnológica também deveria “obrigar” as fabricantes a produzir peças de substituição e criar designs standard sempre que possível. “O que podemos fazer pelos estudantes é que os seus computadores sejam duráveis e reparáveis”, é referido no relatório.

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De recordar que ao abrigo das leis europeias, as garantias são de três anos, mas as fabricantes são obrigadas a manter peças de substituição e reparação para 10 anos a nível geral. Esta lei está agora a ser adaptada ao contexto dos smartphones e tablets, de forma a aumentar a vida útil das baterias e aumentar a disponibilidade de componentes para substituições, em pelo menos 15 categorias, durante cinco anos após o lançamento dos novos equipamentos. A União Europeia pretende dessa forma que as reparações tenham prioridade sobre as substituições de equipamentos.