Numa altura em que a pandemia de COVID-19 tornou o uso de equipamentos eletrónicos ainda mais frequente, o tempo que os mais novos passam em frente aos ecrãs continua a ser uma preocupação. Um recém-publicado estudo da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), revela que as crianças até aos 5 anos de idade passam, em média, mais de uma hora e meia por dia “coladas” aos ecrãs da TV, computadores, smartphones ou outros dispositivos.
A investigação do Centro de Investigação em Antropologia e Saúde da FCTUC, publicada na revista científica BMC Public Health, avaliou o tempo de ecrã de 8.430 crianças portuguesas entre os 3 e os 10 anos em Coimbra, Lisboa e Porto. Além de avaliar quanto tempo passam os mais novos em frente de vários equipamentos eletrónicos, o estudo quis determinar as diferenças no uso consoante a idade, o sexo e a posição socioeconómica das famílias.
A equipa de investigadores liderada por Daniela Rodrigues, concluiu que as crianças mais velhas são as que passam mais tempo em frente aos ecrãs, em média, 201 minutos por dia. A maior parte das crianças, particularmente os rapazes, ultrapassam as recomendações da Organização Mundial de Saúde e da Associação Americana de Pediatria. As entidades indicam que tempo de ecrã deverá ser limitado a uma hora diária até aos cinco anos ou duas para crianças acima dos seis anos.
O estudo detalha ainda que, apesar de a televisão continuar a ser o equipamento mais utilizado, o tempo gasto em frente aos tablets é elevado, mesmo nas crianças com 3 anos. De acordo com Daniela Rodrigues, o tempo de ecrã acaba por ser maior no caso dos jovens vindos de famílias com uma menor posição socioeconómica, independentemente da idade, sexo ou equipamento usado.
Em comunicado, a investigadora explica que demasiado tempo de ecrã poderá ter um impacto negativo na saúde dos mais novos, com consequências na qualidade do sono, no desenvolvimento cognitivo e da linguagem e ainda no peso. As conclusões da investigação assumem-se como um sinal de que os pais precisam de ter um maior controlo no acesso que as crianças têm aos equipamentos, em especial, aos smartphones e tablets sublinha Daniela Rodrigues.
A questão torna-se mais preocupante tendo em conta a nova realidade trazida pela pandemia de COVID-19. Assim, a investigadora afirma que é essencial identificar os grupos mais em risco e perceber como é que cada dispositivo é usado tendo em conta a idade, permitindo delinear uma abordagem apropriada.
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