Estamos habituados a ouvir falar dos desafios que a inteligência artificial coloca, especificamente ao “emprego humano” como o conhecemos, de uma forma um tanto ou quanto otimista, na esperança de que a tecnologia não venha assim a mudar tanta coisa, mas essa não parece ser de todo a opinião de Zoltan Istvan.

Orador convidado no painel “Decoding Generative AI to Reshape the Future of Work and Skills” da edição de 2023 da Q-Day Conference, o especialista em IA o autor do livro “The Transhumanist Wager” defendeu que muitos empregos vão ser substituídos com a tecnologia e não há garantias de que possam ser recreados de outra forma.

Fazer "o máximo de dinheiro possível agora" foi o principal conselho partilhado.

“A IA generativa representa uma ameaça tal no que diz respeito ao emprego que apostar na educação, e ir para a Universidade, em tirar um mestrado pode não ser a melhor resposta neste momento”, afirmou Zoltan Istvan.

Na opinião do especialista, a melhor resposta é tentar aproveitar todas as oportunidades para ganhar a maior quantidade de dinheiro possível, porque no futuro que se avizinha pode não existir essa possibilidade, “a não ser que trabalhe na área da inteligência artificial, claro”, sublinhou.

Como parte da “conversa honesta” que é preciso ter sobre o que vai acontecer no mundo quando a IA começar a dominar várias funções, insistiu na oportunidade para fazer dinheiro agora, “aproveitem, aproveitem o novo emprego, apostem num novo negócio, criem uma startup”, porque não sabemos como o mundo vai estar daqui a 10 anos.

“Vai com certeza ser um mundo excecional, mas a IA irá dominar grande parte dele”, defendeu.

Não serão as melhores notícias para muitos, mas no novo mundo a inteligência artificial vai tornar as empresas melhores, só que com menos pessoas. Pelo menos como antevê Zoltan Istvan.

Um mundo de mudança que está a chegar rapidamente

A inteligência artificial generativa, na perspetiva de mudança do mundo, é a coisa mais importante que está a acontecer atualmente, afirmou Zoltan Istvan. E surgiu muito mais rápido do que o previsto por grande parte das pessoas, quando a perspetiva era que aparecesse daqui a três ou cinco anos.

“Nunca imaginámos que a IA generativa estivesse tão perto. Acordámos um dia e, de repente, ela aí estava. E bem mais ‘esperta’ do que alguma vez antecipámos”.

Traz aspetos menos bons, mas também traz benefícios em todas as áreas e indústrias. Como acontece na saúde, ao possibilitar a descoberta de novos medicamentos e terapias, com uma capacidade de processamento que um ser humano nunca poderia alcançar.

É também uma era de possibilidades “de melhorar o ser humano ao género cyborg”, em que podemos ligar e ampliar tecidos e “aumentar-nos biologicamente”, defendeu Zoltan Istvan. O especialista em IA deu como exemplo os olhos robóticos, que neste momento estão a ser estudados em várias universidades, e que poderão estar no mercado daqui a poucos anos.