Uma das lutas frequentes entre fabricantes de hardware e os utilizadores avançados e com mais curiosidade em desbloquear todo o potencial dos produtos eletrónicos é o acesso à sua root. Ou seja, tratam-se de definições trancadas pelas fabricantes ao público em geral, com funcionalidades normalmente disponíveis apenas aos programadores e engenheiros do equipamento.

O acesso à root pode mesmo quebrar a garantia dos equipamentos, como se viu no caso do Samsung Galaxy Z Fold3, que bloqueava as câmaras fotográficas.

Mas o Facebook traz boas notícias à comunidade dedicada em descobrir os segredos do seu Oculus Go. O seu sistema operativo vai ser desbloqueado oferecendo aos utilizadores acesso total à root. A notícia foi partilhada pelo próprio John Carmack, anterior CTO da empresa, atuando agora como CTO consultivo. O headset já foi descontinuado pelo Facebook em 2020, apenas dois anos de ter sido lançado, substituído pelo Oculus Quest. Mas ao ser desbloqueado o seu sistema operativo, este pode continuar a ser útil mesmo depois de deixar de receber suporte técnico.

Para ter acesso à root, será necessário fazer uma atualização de software planeada para o futuro, abrindo assim portas a todos os curiosos e entusiastas de melhorar ou modificar as opções do headset de realidade virtual.

“Algo que tenho vindo a insistir durante anos vai acontecer em breve”, disse John Carmack na sua conta do Twitter seguindo-se a notícia que muitos programadores e utilizadores avançados gostariam de ouvir. Salienta ainda que este acesso abre a capacidade de modificar o hardware para fazer mais coisas atualmente. E essa possibilidade permite que “alguém aleatório que descubra o headset cheio de fita-cola daqui a 20 anos possa sempre fazer a sua atualização para a versão final do software, muito depois dos servidores que fazem as atualizações terem sido desligados.

A resposta mais enigmática foi dada a um dos seus seguidores que perguntava se a decisão era apenas para o modelo Oculus Go concreto. John Carmack respondeu afirmativamente, mas deixando no ar a esperança que esta decisão marcasse um precedente para outros equipamentos.

John Carmack, conhecido por ter fundado um dos mais antigos estúdios de produção de videojogos, a id Software, atualmente pertencente à Bethesda/Microsoft, é também um dos mais respeitados nomes ligados à indústria, tendo trocado o gaming pela investigação da realidade aumentada na Oculus/Facebook. E a força de John Carmack na decisão do Facebook ter aberto o sistema operativo do headset está alinhado com a sua filosofia quando produzida videojogos, o da partilha de conhecimento para outros criarem outros produtos e tecnologias. A sua empresa foi mesmo uma das grandes forças do modelo de negócio Shareware com Doom e Quake, em que os primeiros níveis eram oferecidos.

A partilha do código de fonte do Doom em 2011 abriu portas a múltiplas funcionalidades, desde a possibilidade de jogar o FPS numa caixa de multibanco ou numa câmara digital, entre outros equipamentos eletrónicos. “Continuo a ouvir argumentos sobre as coisas más que podem acontecer se os utilizadores tiverem controlo total sobre os seus equipamentos obsoletos, mas eu estou a favor de dar total capacidade aos utilizadores”, salienta Carmack.

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