A Clearview AI, a startup que vendeu às autoridades norte-americanas um software de reconhecimento facial que parece ter saído diretamente de um universo distópico, revelou que sofreu uma fuga de informação. A empresa afirma que toda a sua lista confidencial de clientes foi roubada por alguém com acesso não-autorizado ao sistema.
Numa notificação enviada aos clientes, a Clearview AI admite que o “intruso” também teve acesso ao número de contas abertas e de pesquisas realizadas. A startup afirma que os servidores, sistemas e a redes não foram comprometidos na fuga de informação.
“A segurança é a prioridade da Clearview AI. Infelizmente, as fugas de informação fazem parte da vida no século 21”, indicou Tor Ekeland, advogado da empresa, à imprensa internacional. A startup afirma que já resolveu a vulnerabilidade e que vai continuar a trabalhar para fortalecer os seus mecanismos de segurança.
A Clearview AI começou a tornar-se conhecida no início de 2020, quando uma investigação trouxe a público o sistema que tinha desenvolvido, o qual recorre a uma base de dados com mais de 3 mil milhões de fotos obtidas em redes sociais para reconhecer a identidade de um indivíduo. Ao todo, mais de 600 departamentos da polícia já adotaram a tecnologia.
A aplicação criada pela empresa permite aos agentes da autoridade pesquisar pela identidade de uma determinada pessoa utilizando apenas fotografias da mesma. O software consulta a sua extensa base de dados para verificar se existem correspondências, apresentando até os endereços das páginas web onde se encontram as imagens do indivíduo.
O sistema criado pelo empresário australiano Hoan Ton-That apresenta uma precisão na ordem dos 75%, sendo capaz de identificar alguém mesmo se a sua cara esteja apenas parcialmente visível. A aplicação não está disponível para uso do público, sendo apenas utilizada pelas autoridades policiais.
Perante a descoberta do modo de funcionamento do software, um porta-voz do Facebook indicou, em comunicado à imprensa internacional, que a empresa está a investigar as práticas da Clearview AI para ver se vão contra as suas regras. Já plataformas como o Twitter, o YouTube, o Instagram e a Venmo confirmaram que o sistema de reconhecimento facial viola as suas políticas.
A utilização de sistemas de reconhecimento facial pela polícia também está a levantar preocupações no Reino Unido. A Polícia Metropolitana de Londres anunciou em janeiro que vai começar a usar um sistema de reconhecimento facial em tempo real nas ruas da capital britânica. A decisão surge após um período de testes de vários anos e prevê a colocação de câmaras, no próximo mês, em locais da cidade onde existem níveis de criminalidade mais elevados.
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