Os sistemas de iluminação compostos por díodos emissores de luz, comummente designados por LED, ajudam na redução da fatura da luz pela sua maior eficiência energética. Mas se integrados com um sistema inteligente de iluminação, isto é, que consegue adaptar-se às condições ambiente e ao movimento das pessoas, então as poupanças podem ser ainda maiores.

Este conceito quando aplicado à iluminação pública podia gerar poupanças na casa dos 70% com os custos energéticos. Esta é a crença do projeto LITES, um consórcio internacional de equipas de investigação onde há representação portuguesa através da Universidade de Aveiro.

A redução de 70%, como explica o professor Luís Nero Alves em conversa com o TeK, é algo que já pode ser feito com componentes que existem no mercado. Num cenário onde a otimização fosse maior, as reduções com a fatura da iluminação podiam chegar até aos 80%, um “limite otimista” como admite o académico coordenador do projeto em Portugal.

A integração da Universidade de Aveiro no projeto LITES aconteceu por convite e porque a rede de parceiros internacionais precisava de elementos com experiência na área dos sensores e da eletrónica.

Apesar das grandes poupanças que serão possíveis atingir, também é verdade que uma transformação no sistema de iluminação público comportaria um grande investimento numa fase inicial: seria preciso substituir as luminárias para umas que sejam LED, havendo ainda o acréscimo dos sensores inteligentes. Mas Luís Nero acredita que o retorno económico a longo prazo e o uso de tecnologias mais limpas ajudariam a contornar este primeiro entrave.

Outro problema que se coloca em Portugal está ao nível da limitação legislativa. Em território português não basta trocar o sistema de iluminação, isto porque este tipo de ações tem que passar por uma parte burocrática. E depois também seria preciso enfrentar os domínios das companhias elétricas.

Aveiro é também uma dos locais onde está instalado um piloto dos sistemas inteligentes de iluminação LED do LITES, mais propriamente na ponte pedonal do Crasto, no campus de Santiago da UA. Fica o exemplo mostrado na página do Facebook da universidade.

Luís Neto ainda não tem dados para partilhar sobre as poupanças conseguidas até agora em Aveiros, dados que devem ficar disponíveis dentro de dois meses. Mas já tem o feedback dos transeuntes. “A recetividade dos alunos tem sido muito boa, mas será interessante comparar o impacto de Aveiro com o impacto de Bordéus onde o sistema está implementado na via pública”, analisou o docente.

Um dos objetivos do LITES é ajudar os países e suas regiões a conseguirem a almejada redução de 20% no consumo energético até 2020, uma meta proposta pela União Europeia. O sistema que está a ser desenvolvido pelos investigadores respeita todo um conjunto de normas europeias que permite que as luminárias inteligentes sejam aplicadas em ruas secundárias, estradas de acesso, acessos a zonas comerciais, loteamentos, vias pedonais, ciclovias e zonas residenciais.

Rui da Rocha Ferreira


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico