Dezenas de grupos de protesto realizaram hoje, segunda-feira, uma manifestação em que os participantes exprimiram a sua contestação ao novo sistema nacional de identificação, que muitos consideram como uma forma de monitorização da população do tipo Big Brother, rasgando os impressos que têm vindo a ser enviados pelo governo para atribuir a cada cidadão um número de 11 digitos, informou a Associated Press.



Várias autarquias do Japão já recusaram participar no sistema, que foi introduzido na segunda-feira passada, dia 5 de Agosto. Yokohama, um subúrbio de Tóquio com 3,4 milhões de habitantes, está a oferecer aos seus residentes a hipótese de aderir ou não à rede digital de identificação.



O governo está a atribuir a cada um dos 127 milhões de cidadãos japoneses um número de identificação que irá ligar a um sistema informático a nível nacional. O objectivo é flexibilizar a pesada burocracia do Japão ao facilitar a obtenção de informação pessoal básica durante os processos administrativos.



Mas, os críticos receiam a perda de privacidade, assim como a possibilidade de alguns responsáveis governamentais utilizarem incorrectamente a informação, dado existir um potencial para o abuso do sistema por parte de alguém dentro da administração que pretenda utilizar os dados guardados para, por exemplo, perseguir dissidentes. Outros medos residem no facto do sistema informático poder ser vulnerável a hackers com más intenções, podendo até verificar-se o caso de alguns criminosos roubarem identidades.



A partir do final de Agosto, os cidadãos irão começar a receber um cartão integrando um chip informático, permitindo a sua identificação imediata. Apesar de, por agora, o número de identificação apenas guardar o nome, morada, sexo e data de nascimento da pessoa, futuramente a nova rede nacional de identificação poderá facultar aos burocratas acesso a informação actualmente armazenada em sistemas informáticos não ligados em rede, como o registo da família, o ficheiro da segurança social e o comprovativo de residência.



Os apoiantes afirmam que o cartão irá facilitar posteriormente a obtenção de passaportes e de benefícios da segurança social. Mas, até agora, o sistema oferece apenas uma pequena vantagem, permitindo que as pessoas obtenham os papéis comprovativos de residência a partir de qualquer gabinete do governo no país.



O governo nacional, que integrou o eGovernment na sua política, gastou anos a preparar a rede, denominada Juki Net, que é um diminuitivo para rede dos residentes em japonês. Na construção desta infra-estrutura de comunicações foram despendidos 157 milhões de dólares (161,62 milhões de eurose no seu início foi atingida por várias falhas técnicas.



A cidade de Naha em Okinawa teve problemas em fazer arrancar o sistema durante dois dias. Os gémeos e outras pessoas com a mesma data de nascimento residindo na mesma habitação foram retirados dos registos na cidade central de Daito. Na localidade de Sanda, 23 cidadãos com esposas estrangeiras receberam documentos afirmando que estavam casados com outros residentes japoneses.



Responsáveis pelo governo central justificaram esses problemas devido ao sistema se encontrar ainda numa fase inicial, mas os críticos não estão convencidos. O governo prometeu introduzir legislação protegendo a privacidade e proibindo o abuso de informações pessoasis na altura em que a Juki Net entrasse em funcionamento. Mas, a lei ainda não foi aprovada pelo Parlamento.



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