Com a polémica instalada pela separação na organização da E2Tech e a Fundação AIP FIL para o próximo Lisboa Games Week, o evento vai manter-se na data habitual, nos dias 21-24 de novembro. A Fundação AIP FIL, detentora da marca, vai manter a organização interna e pretende introduzir novidades com vista algumas novas estratégias: aproveitar o bom posicionamento atual de Portugal na área de turismo de negócios e expandir-se internacionalmente nos próximos três anos, sobretudo à vizinha Espanha: “mais depressa recebemos espanhóis da estremadura no Lisboa Games Week, do que estes possam deslocar-se ao Madrid Games Week”, adiantou Pedro Braga, Diretor Geral Adjunto da FIL.
Por outro lado, o evento pretende focar-se no engagement da família e atrair visitantes mais jovens para experimentar os jogos. A FIL chama-lhe o conceito “inter-geracional”, que inclui a presença das famílias, dos avôs, pais e filhos. Para tal, este ano existem algumas novidades, que embora mantenham o foco nos videojogos, pretende-se introduzir outros elementos de entretenimento, incluindo projeções de filmes e séries no auditório em antestreia, procurando parcerias para “os lados” das plataformas de streaming. E para dinamizar o espaço do auditório, a organização conta com concursos e workshops de Cosplay, serviços educativos, música, incluindo um concerto de encerramento do evento, e se for o caso, passar um jogo de futebol, caso coincida com algum encontro de relevo, segundo o pitch feito ao SAPO TEK.
Maior aposta no serviço educativo de alunos e professores
A AIP afirma que no ano passado recebeu 61 mil visitantes (auditados pela UFI: Global Association of the Exhibition Industry), dos quais 12.500 foram alunos. Para 2019 a organização conta com uma estimativa de 80.000 visitantes, aumentando o número de estudantes a 18.000 “pois vamos alargar aos alunos do primeiro ciclo do ensino básico, alargando o Serviço Educativo com conteúdos próprios”, revela Luis Pinto, gestor de feiras da FIL. No programa educativo, a organização conta com toda a sua experiência no evento Futurália que traz milhares de jovens ao evento, oferecendo parceiros como a DGE, ISCTE-IUL, Happy Code, VR Vai à Escola, entre outros a serem confirmados futuramente.
A aposta na gamificação no ensino pretende inserir conceitos nos jovens de como as ofertas informativas convergem na produção de videojogos, por exemplo, prometendo neste segmento as workshops, RoboParty, showcases de estúdios nacionais e internacionais. As cinco edições anteriores do Lisboa Games Week trouxe ao evento perto de 43.000 alunos e professores.
Para os próximos anos, a AIP referiu ao SAPO TEK que vai fazer um grande investimento para introduzir novidades ao evento, sobretudo ao nível do engagement e para isso criou uma aplicação de interação para os smartphones, o LGW Club. Um dos objetivos é criar uma comunidade que interaja entre si sobre os temas relacionados com o evento. A app terá conteúdos, informações e até campanhas na área digital, que incluem giveaways, novidades sobre a indústria durante o ano, e sobretudo, libertar espaço para que as marcas e influencers possam igualmente participar.
Já no evento, a aplicação pretende ser utilizada como passe para entrada no recinto, ter a informação e horários das atividades em tempo real, assim como ter acesso a espaços de experiências exclusivas e a áreas free-to-play, assim como passatempos e merchandising personalizado.
Outra novidade adiantada ao TEK é a organização de áreas temáticas complementares que não são de participação direta da indústria para determinada atividade. Por exemplo, um local reservado para as marcas que ofereçam experiências para realidade virtual ou outra para jogos de tabuleiro. Há uma área de Pop Culture, e até de cinema e TV onde podem estar eventualmente a Netflix e HBO, por exemplo. Haverá uma sinergia complementar entre as lojas de merchadising, Action Figures, o Cosplay. Ao contrário dos anos anteriores, a estrutura quer que as diferentes áreas obedeçam a uma espécie de narrativa, invés de estarem fragmentadas pelo recinto.
Em baixo veja fotografias da Lisboa Games Week 2018:
A FIL já identificou também parceiros para oferecer jogos Indies, Retrogaming, Cosplay, assim como eSports (com presenças internacionais), mantendo um palco dedicado com espaço para meet & greet com os streamers. A arena será isolada e demarcada, com capacidade para 1.000 pessoas, além de outras áreas de eSports designadas para free-to-play, construídas pela organização para exploração de parceiros ligados à comunidade amadora de gaming.
No que diz respeito ao Retrogaming, a FIL pretende desenvolver um novo espaço-conceito, com aposta na decoração e imagem da área, salientando a componente museu de videojogos enquanto temática de atração a visitas de estudo pelos alunos e professores. O Cosplay também terá um novo espaço temático com várias iniciativas a decorrer no evento, e a organização pretende comunicar diretamente com a comunidade, com vista à criação de workshops profissionais de caracterização de personagens e efeitos especiais para os cosplayers, além de um concurso dedicado.
No que diz respeito ao espaço indie, este será dinamizado pela Associação de Produtores de Videojogos e a Ludoteca, com muito foco na produção nacional, como foi adiantado ao TEK. Segundo Pedro Pinto, ao contrário dos anos anteriores que houve representação de estúdios indie internacionais através do Indie Dome e do IndieX, a próxima edição o showcase será focado na produção nacional. “Achamos que a produção nacional está mais forte do que estava há cinco anos atrás e faz sentido dar-lhe destaque”. Uma das novidades é a introdução de um pequeno auditório, para cerca de 12 pessoas, utilizado pela FIL em diversos eventos, que servirá para os pequenos estúdios fazerem um pitch de ideias a investidores, palestras, Game Jam e outras atividades.
Crescimento com foco na abertura ao mercado empresarial
A Lisboa Games Week vai ainda ter uma “vila”, a Gamify Village, que segundo a organização é uma das grandes apostas para este ano. Trata-se de um espaço B2B, de acesso privilegiado, que pretende ser uma oportunidade de netwotking, com a possibilidade das empresas estabelecerem contactos “num ambiente descontraído e de muita diversão”. Este espaço terá um serviço de catering para almoços, salão de jogos e animação com cosplayers. Segundo a organização, este espaço tem um “welcome-drink” destinado à imprensa gaming no primeiro dia após o encerramento do evento, seguindo-se uma visita aos stands para a cobertura das novidades.
“Estes são alguns dos pilares que vamos colocar em prática nos próximos dois/três anos (…) e a gamificação vai fazer parte do portfólio de atividades da maior parte dos eventos que nós temos, e não apenas do Lisboa Game Week. Este ano, o LGW será uma montra para que outras empresas, que não sendo de base tecnológica, mas vou-lhes chamar contribuintes líquidos em termos financeiros, para o potencial de desenvolvimento ainda maior e mais acelerado desta indústria, porque percebem o valor e potencial que esta tem, embora não tenham estado dentro dela”, destaca Pedro Braga.
Segundo o administrador da FIL, “este posicionamento faz com que o evento não esteja dependente de uma, duas ou três marcas, por muito mérito e respeito que estas nos mereçam”.
Catalisado pelo Web Summit, os pavilhões da FIL estão a receber remodelações, que numa primeira fase vão aumentar o tamanho de cada recinto dos 10 mil metros quadrados para 14 mil metros quadrados, “o que nos vai fazer olhar para os projetos para vermos em que medida passam para três pavilhões ou se utilizam apenas dois”, destaca Pedro Braga. Pedro Pinto realça que o mercado não cresceu o suficiente para justificar um terceiro pavilhão, respondendo à pergunta do TEK sobre a expansão do evento. A organização tem como objetivo dinamizar e otimizar os espaços para os conteúdos que planeia fazer.
“No ano passado tivemos a presença da PlayStation com 2.000 metros quadrados com 180 postos de jogo. Com a dimensão do nosso mercado, muitos estúdios expõem os seus jogos graças à PlayStation. Nós queremos gradualmente expandir para fora de Portugal e à medida que tivermos mais visitantes e massa crítica, teremos mais argumentos para trazer diretamente os estúdios que não estão representados. Esse é um dos objetivos”, destaca Luis Pinto, fazendo um termo de comparação com o que já acontece em outros “Games Week” pela Europa, estando a trabalhar as áreas conceptuais.
Não tendo a E2Tech como parceiro na realização do evento, a FIL olhou para as suas competências “in house” e reuniu as equipas com experiência em todos os eventos da fundação para a nova filosofia inerente à próxima edição. “Não tenho problema em dizer o seguinte: nós somos agregadores e nós temos a colaborar connosco alguém que nos merece todo o crédito, embora tenha atenção às associações, que uma coisa não tem a ver com outra, que é um dos sócios fundadores da Comic Con que está a dar o seu contributo e ajudar no evento”, destaca Pedro Braga. Questionado se esse contributo possa passar por fundir a Comic Con com a Lisboa Games Week no futuro, o administrador da AIP FIL não se quis pronunciar…
Mas será que vai haver Youtubers este ano? “Os Youtubers terão lugar no futuro da Games Week sempre e quando forem validados e convidados para estarem presentes no evento. Dito de outra forma, queremos ter Youtubers que vão de encontro à estratégia de ser um evento mais abrangente e para a família, por isso, todos aqueles que não preencherem os requisitos que se enquadrem na filosofia não serão convidados”, salienta Pedro braga.
“Nós estamos num processo de investimento muito grande, quer em termos qualitativos dos projetos que desenvolvemos, quer a nível de infraestrutura que acolhe os eventos”, salienta Pedro Braga. Este é o plano geral no papel do lisboa Games Week 2019, que a FIL irá começar a divulgar ao pormenor nas próximas semanas e meses até à data do evento. O grande objetivo, para além do crescimento além-fronteiras, é tornar-se mais abrangente.
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