A tendência de queda nas vendas de computadores continuou a marcar o terceiro trimestre do ano, segundo os dados mais recentes apurados pela IDC. A consultora verificou que entre julho e setembro foram vendidas 68,2 milhões de unidades de PCs, menos 7,6% que no mesmo período do ano passado.
Ainda assim, os números apurados pela IDC parecem confirmar uma tendência que já se delineava nos três meses anteriores. A queda no volume de encomendas às marcas foi atenuada pelo segundo trimestre consecutivo. Este dado parece indicar que o pior já passou e que, pouco a pouco, o mercado começa a recuperar alguma normalidade, rumo a um ano de 2024 que já se espera menos penalizador para os fabricantes.
A IDC destaca ainda que, ao longo dos últimos meses, a redução acentuada no volume de encomendas, permitiu às lojas reduzir o inventário acumulado com a diminuição no consumo, o que acabará por conduzir a uma retoma dos níveis normais de encomendas de equipamentos nos próximos meses. Por outro lado, a IDC acredita que a pressão nos preços vai continuar a ser elevada e a impor às marcas reduções de margem.
Por fabricantes, a Apple foi a mais penalizada, num trimestre onde três dos cinco maiores fabricantes viram as suas vendas recuarem a dois dígitos. “O declínio destacado da Apple reflete uma comparação ano a ano desfavorável, quando a empresa recuperava de uma paragem de produção relacionada com a COVID, no terceiro trimestre de 2022”. As vendas inflacionadas do terceiro trimestre de 2022, a compensar as restrições dos meses anteriores, refletem-se agora num efeito negativo exagerado da performance no terceiro trimestre de 2023.
A melhor performance do trimestre foi para a HP, a única das cinco fabricantes que conseguiu vender mais neste trimestre que nos mesmos três meses do ano passado, porque a empresa tinha também sido uma das mais prejudicadas pelas dificuldades das lojas em escoarem stocks. Com a normalização dos inventários, o nível de encomendas de PCs da marca também regularizou.
A fabricante mantém a segunda posição no ranking mundial de vendas, atrás da Lenovo, mas conseguiu aumentar em 6,4% a sua quota de mercado no trimestre, graças ao envio para as lojas de 13,5 milhões de computadores. A Lenovo, por seu lado, no mesmo trimestre, vendeu 16 milhões de computadores e perdeu 5% da quota de mercado global.
"A indústria de PCs está num caminho lento para a recuperação, que um novo ciclo de atualização dos dispositivos e o fim do suporte para o Windows 10 ajudarão a impulsionar”, refere Jitesh Ubrani responsável de pesquisa do Mobility and Consumer Device Trackers da IDC. Segundo ele, os efeitos destes fatores serão sentidos, sobretudo, a partir do segundo semestre do próximo ano.
A IDC defende ainda que o interesse em computadores com capacidades de inteligência artificial tende influenciar o mercado também daqui em diante. "A IA generativa pode ser um momento decisivo para a indústria de PCs", sublinha Linn Huang, vice-presidente de pesquisa, da unidade de Devices & Displays da IDC.
"Embora os casos de uso ainda não estejam totalmente articulados, o interesse na categoria já é forte. Os PCs com IA prometem às organizações a capacidade de personalizar a experiência do utilizador a um nível mais profundo, ao mesmo tempo que preservam a privacidade e a soberania dos dados”. Este interesse crescente terá efeito no tipo de equipamentos vendidos, mas também no preço, espera-se.
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