A Comissão Europeia publicou a edição de 2018 do relatório anual sobre a evolução do emprego e da situação social na Europa, destacando que, em 2017, o número de pessoas no mercado de trabalho aumentou em mais de três milhões e meio, em comparação com 2016.

As atuais tendências positivas no que toca ao mercado do trabalho também são visíveis na subida dos rendimentos disponíveis e na diminuição dos níveis de pobreza que, comparando com 2012, afeta menos 16,1 milhões de pessoas.

Embora a automatização e a digitalização não levem necessariamente ao desaparecimento de postos de trabalho, como são exemplos a Alemanha e a República Checa onde a automatização da produção é mais difundida, mas onde também são registadas as menores taxas de desemprego, o estudo destaca alguns desafios a ter em conta.

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O relatório refere que tecnologias digitais como a Inteligência Artificial podem tornar as tarefas rotineiras em trabalhos tradicionais obsoletos, sendo estas as mais propícias à automatização parcial ou total.

E se isto pode trazer novas oportunidades, como o facto de ajudar pessoas com deficiência e idosos a entrar ou permanecer no mercado de trabalho, também pode ampliar as desigualdades, incluindo o hiato de género ou de rendimento.

Segundo o estudo, entre 37 % a 69 % dos postos de trabalho poderão ser parcialmente automatizados num futuro próximo, sendo os mais afetados os trabalhos rotineiros de baixa qualificação e, portanto, os de salário mais baixo.

A Comissão alerta, assim, que novas formas de trabalho podem favorecer situações de trabalho autónomo individual, temporário e, consequentemente, a rendimentos mais voláteis, pelo que a adaptação a esta evolução do mundo do trabalho passa por uma melhor educação e aprendizagem ao longo da vida e por garantir que as instituições de proteção social e do mercado de trabalho na Europa estão em condições de cumprir a sua missão.

“O Pilar Europeu dos Direitos Sociais, constitui uma referência à volta da qual há que preparar todas as pessoas para esta transformação”, referiu Marianne Thyssen, Comissária Europeia para o Emprego, os Assuntos Sociais, as Competências e a Mobilidade Laboral.

A responsável salientou ainda que, embora o crescimento da economia e do emprego europeus possam “ser significativamente potenciados pela evolução tecnológica”, isso só acontece “se lhe dermos os contornos certos”.

Para Marianne Thyssen isso passa por “dotar os cidadãos europeus de habilitações educativas e competências melhoradas ao longo de toda a sua vida e garantindo a todos os trabalhadores direitos básicos num mundo do trabalho em rápida evolução”.