Abriu a temporada para as conferências anuais das gigantes tecnológicas. A semana passada foi o Facebook F8, com diversas novidades nas aplicações das redes sociais da empresa de Mark Zuckerberg. Hoje arranca o Microsoft Built 2019, diretamente de Seattle, um evento de três dias (6-8 maio) focado em novidades para os programadores e empresas que desenvolvem tecnologia baseada nas soluções da gigante de Redmond.

No entanto, na conferência de abertura, apresentado pelo CEO da empresa, Satya Nadella, é tradição levantar a ponta do véu de algumas novidades tecnológicas para o sector do consumo.

Antes da conferência, o evento arrancou com a competição Imagine Cup, com alunos e startups a disputarem um prémio monetário com a apresentação de pitchs para diferentes projetos tecnológicos disruptores sujeitos a apreciação de um júri. Um equipamento que analisa a iris dos olhos para detetar o nível de glucose no sangue, destinado a ajudar o tratamento de diabetes foi o projeto vencedor.

O CEO da Microsoft assumiu o palco referindo que o Build é “tudo sobre imaginar e conseguir construir”. Mas o mais importante é galvanizar e conseguir tornar possível os sonhos. A sua missão é oferecer a capacidade a todas as pessoas e instituições para “mudar o mundo”, embora com a responsabilidade sobre o impacto da tecnologia, alegando às questões atuais sobre a cibersegurança, privacidade e a inteligência artificial.

No que diz respeito à segurança, a Microsoft prepara-se para apresentar um sistema transparente para ajudar as infraestruturas da tecnologia em torno das eleições, em todo o mundo. Destacou ainda a plataforma Azure como o centro de toda a infraestrutura da Microsoft, capaz de gerir dados e a inteligência artificial dos seus parceiros. O líder da Microsoft refere que tem 54 regiões em todo o globo suportados por Azure, com mais de 90 certificações da sua plataforma, capaz de regular as necessidades do mundo. Foi ainda destacada a capacidade open software da plataforma Azure, para suportar todos os programadores do mundo.

Uma das novidades é a extensão do Azure a outras tecnologias, desde o Edge, Kinect, HoloLens, e outras tecnologias para criar o “software do futuro”. Foi referido que 95% das empresas mais poderosas listadas pela Fortune utilizam soluções baseadas em Azure. A área da investigação médica e a procura de curas para doenças utiliza a cloud da Microsoft, assim como a J.P. Morgan, na área financeira, e a AT&T no que diz respeito às telecomunicações.

Com o Build 2019 a ser transmitido a partir de Seattle, foi mostrado como o Starbucks, uma das marcas de café mais conhecidas do mundo, nascido na cidade, utiliza igualmente a inteligência artificial da Azure para regular a temperatura das suas máquinas, assim como fazer recomendações aos clientes baseados no estado meteorológico, ou na região do planeta. Certamente que as recomendações no Alasca serão diferentes do que em locais com clima solarengo. A plataforma monitoriza ainda o estado das máquinas e estuda dados telemétricos, para garantir que o café tenha sempre a qualidade reconhecida pelos clientes. Através de uma aplicação, é possível fazer scan ao código de barras dos sacos de café e ter acesso a informações das regiões de onde vêm os grãos, numa medida de transparência da empresa para os seus clientes.

Satya Nadella destaca ainda novas atualizações do Azure, desde o sistema de visão, a comunicação e a pesquisa, por exemplo. No que diz respeito à comunicação, o serviço de conversação e transcrição (Azure Speech Service) da plataforma consegue adaptar-se aos jargões típicos do ambiente das empresas, para que o sistema Microsoft 365 possa aprender o vocabulário único do grupo.

Em relação à realidade mista, suportada pelo seu sistema HoloLens, diversas empresas, como a Paccar e a Philips estão a utilizar soluções da Microsoft, sobretudo na área do treinamento especializado dos funcionários ou na área médica. A Toyota e a Shell estão a construir simuladores para manusear matérias perigosas, assim como a construir sistemas autónomos para diminuir a exposição humana ao perigo.

Sobre o Microsoft 365, a plataforma de produtividade baseada em cloud, o Azure aprofunda e oferece novas experiências de conectividade entre as diversas aplicações em diferentes dispositivos. O objetivo é construir uma base de dados que liga pessoas, documentos, dados, como um asset importante para as empresas. A Microsoft juntou-lhe ainda o sistema de Analytics, que mostra os dados em forma de gráficos para melhor leitura. O sistema de assistente virtual Cortana tem também um papel fundamental para ajudar as pessoas e as equipas a encontrar o que necessitam no seu trabalho.

A Microsoft revelou que o novo Edge, baseado em Chromium é open-source, e será gradualmente melhorado, com a promessa de devolver à comunidade novas funcionalidades e tecnologias em todos os dispositivos, incluindo o Mac, num compromisso multiplataformas. A empresa promete ainda mais privacidade, transparência com os utilizadores e segurança nos seus produtos.

Em termos de inovação na internet, a empresa acredita que a colaboração é o caminho para expandir a tecnologia. Nesse sentido, o Edge tem a missão de ajudar as organizações a melhorar a produtividade, mostrando os documentos mais recentes, assim como pesquisas contextuais mais eficazes. Foi anunciado que o Edge passa a ter uma funcionalidade para tornar-se compatível com o Internet Explorer, para as empresas que ainda têm soluções baseadas no anterior browser da empresa. Uma das novidades do Edge é a compatibilidade com os programas do Office, como o Word e o Excel, permitindo abrir documentos e copiar conteúdos respetivos, através de poucos cliques diretamente do browser.

A aplicação Teams tem vindo a tornar-se cada vez mais popular, por ter videoconferência, chat, e outras funcionalidades de colaboração para otimizar o trabalho das equipas. Satya Nadella acredita que o Teams tem potencial para crescer e introduzir novidades, tais como expandir as chamadas em grupo, chamadas pessoais ou conferências, assim como integração em outras aplicações muito utilizadas, tais como as soluções da Adobe ou mesmo recorrer à infraestrutura de bots da Microsoft.

A utilização do HoloLens permite mesmo expandir o Teams para o espaço 3D, em que é possível trocar imagens e esboços. Mesmo utilizadores sem o headset podem participar na conversação, seja através de um PC ou smartphone.

O evento não poderia acabar sem uma referência ao gaming, uma área cada vez mais importante para a Microsoft. O CEO destaca a capacidade de se poder jogar tanto no PC, como nas consolas ou smartphones. Mais uma vez o Azure tem um papel crucial em ativar o poder do cloud computing. Os 63 milhões de utilizadores Xbox Live passam a desfrutar dos seus jogos favoritos diretamente nos smartphones, graças à sua plataforma de streaming Xcloud.