Na China, o governo está a utilizar uma aplicação para monitorizar os movimentos dos cidadãos. A app foi implementada para ajudar as autoridades a controlarem a disseminação do coronavírus, mas de acordo com o governo municipal de Hangzhou, o fim da pandemia não significará o fim desta tecnologia. A opção contraria os princípios que foram adotados na Europa para proteger a privacidade dos utilizadores, onde se definiu que depois de terminar a pandemia de COVID-19 as aplicações serão desinstaladas.
Hangzhou é a cidade onde se situam as sedes de algumas das maiores tecnológicas chinesas, como é o caso da Alibaba, por exemplo. O executivo municipal comentou, no passado sábado, que pretende normalizar o uso da aplicação para que esta possa funcionar como uma "firewall".
Lançada em fevereiro e desenvolvida pelas empresas Alibaba e Tencent, a app foi imediatamente decretada obrigatória. Na prática, está a ser utilizada para associar uma cor aos utilizadores - vermelho, amarelo e verde - que representa o nível de risco para a sociedade. A cor é atribuída com base nos registos de viagem, contacto com pacientes de Covid-19 e nos resultados dos testes de diagnóstico, caso tenham sido feitos à pessoa em questão.
Mais de mil milhões de pessoas estão a usar a app, cujos dados são cruzados com os de outras aplicações (banca, transportes públicos, etc) para permitir uma codificação mais precisa.
Note que este código de cor foi recentemente utilizado para auxiliar o processo de desconfinamento. Os "utilizadores verdes" puderam voltar às suas rotinas normais, ao passo que os amarelos e os verdes foram obrigados a manterem-se em casa.
No futuro, contudo, o governo de Hangzhou quer atribuir códigos de cor com base nos registos médicos dos utilizadores. Neste cenário, os dados utilizados para calcular a cor a atribuir não vão estar apenas relacionados com o coronavírus, mas sim com um cenário mais geral de saúde, onde se incluem hábitos alimentares, o consumo de cigarros, registos de exercício físico, check-ups e outros hábitos que ajudem a entender o estilo de vida da pessoa. Aumentar o espectro de cores disponíveis também faz parte dos planos.
Dar às autoridades públicas uma forma de monitorizarem e atribuirem estes dados todos a uma pessoa é uma possibilidade que levanta várias questões de privacidade. Note que a app partilha os dados dos utilizadores com a polícia, incluindo a sua localização.
A China tem já montado um sistema de vigilância estatal, que monitoriza várias dimensões da vida privada dos cidadãos, pelo que a implementação desta app é uma forma de o adensar.
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