A Xiaomi deixou de ser apenas uma fabricante de smartphones para se transformar num dos grandes nomes da tecnologia chinesa. Os seus produtos já abrangem centenas de segmentos, de equipamentos inteligentes para a casa (aspiradores e purificadores) a eletrodomésticos e mobilidade elétrica, com grande destaque para as trotinetes e bicicletas.
Neste momento a grande curiosidade é perceber como é que a fabricante se vai dar numa indústria que lhe é totalmente estranha: a automóvel. Faz este mês de março dois anos que a Xiaomi anunciou oficialmente que iria fabricar um automóvel elétrico, um projeto agarrado internamente pelo próprio fundador da empresa, Lei Jun, assumindo um investimento a longo prazo: 10 mil milhões de dólares durante 10 anos.
Dois anos depois, os detalhes são escassos, aliás, oficialmente, as pequenas atualizações realizadas pelo líder da empresa são vagas, embora muito otimistas. Ainda este mês durante uma reunião plenária, Lei Jun afirmou que o progresso na produção do automóvel tinha superado as expetativas. A afirmação baseou-se na conclusão com sucesso do teste de inverno realizado ao automóvel, motivando os planos da empresa para o início de produção em série no primeiro semestre de 2024. O certo é que a empresa ainda não mostrou publicamente o protótipo, embora já tenha sido fotografado, com algumas imagens a circular online.
Será este o primeiro automóvel elétrico da Xiaomi? Clique nas imagens para ver com mais detalhe
A Xiaomi não ficou imune à crise do sector tecnológico e talvez isso tenha mesmo atrasado alguma revelação oficial. No que diz respeito às interdependências entre fabricantes e fornecedores no mundo automóvel, o acesso aos componentes e tecnologias é muito mais complexo que a de um smartphone. Essa realidade deverá estar a ser absorvida pela fabricante, mesmo com toda a experiência adquirida durante anos nos sectores onde opera.
O certo é que a equipa de investigação e desenvolvimento da fabricante chinesa, que está totalmente dedicada à produção do veículo elétrico, soma 2.300 pessoas. A aposta é decididamente elevada no grupo chinês. Em novembro de 2021, a Xiaomi fechou um contrato com a comité de desenvolvimento económico e tecnológico de Pequim para a construção da base para o negocio automóvel, que inclui vendas e departamento de investigação e desenvolvimento.
Esta sede será construída em Yizhuang e incluirá ainda a fábrica de automóveis, com capacidade de produção anual de 300 mil unidades. A fábrica será construída em duas fases. Estima-se que numa fase inicial, a fabricante construa 150 mil automóveis por ano, estando previstos quatro modelos diferentes espalhados entre o segmento A+ (com suporte a tecnologia de condução autónoma L2) e B (com suporte a tecnologia de condução autónoma L3).
Ainda assim, do lado burocrático, as coisas não parecem estar a correr à mesma velocidade, faltando-lhe ainda obter as aprovações necessárias das autoridades reguladoras chinesas para começar a construção dos automóveis. A Bloomberg chegou mesmo a reportar que, ou a produção continua a atrasar, ou a Xiaomi estabelece parcerias de licenciamento com marcas autorizadas. Ou mesmo, que chinesa compre uma parte da fábrica da Hyundai e a utilize para construir os seus veículos até obter as permissões. Mas tudo indica que 2024 será mesmo o ano para “acelerar” a produção.
Xiaomi MS11 ou Xiaomi Modena?
Há muita curiosidade em torno do novo automóvel da Xiaomi, sobretudo por ser uma “outsider” desta indústria. E com isso espera-se que traga ideias refrescantes para o sector, sobretudo pela sua experiência tecnológica e conetividade, na qual já se distinguiu noutros produtos. Quando começou a investigar as suas primeiras soluções para automóveis elétricos, em janeiro de 2021, a Xiaomi disse que descobriu grandes ligações entre os veículos e smartphones.
Considerando que as fotografias que circulam online correspondem ao protótipo que está a ser testado, o veículo elétrico é um sedan de quatro portas, com linhas aerodinâmicas, faróis com um formato de “amêndoas” e tecto panorâmico transparente. O seu nome-código é Xiaomi MS11, como se pode ler nas placas da matrícula, mas a imprensa internacional afirma que o modelo final vai chamar-se Modena.
O website tecnológico Mezha, que partilhou as fotografias, destaca alguma informação geral, tal como o uso de dois tipos de baterias, fabricadas pela BYD e a CATL. Terá um sistema de controlo autónomo, assim como radares LiDAR. Informação também partilhada pela ArenaEV, que acrescenta que a Hesai Technology vai fornecer os sensores LiDAR, sendo o modelo AT128 a escolha como o principal, suportado por outros radares. Este sensor já deu provas na China, sendo equipado por alguns modelos da fabricante Li Auto no SUV Li L9, sendo capaz de gerar cerca de 1,5 milhões de pontos de dados por segundo.
A publicação afirma ainda que a fabricante também está em prospeção de mercado. A Xiaomi tem sondado a sua comunidade sobre qual seria o preço justo a pagar pelo seu automóvel, obtendo uma média de respostas entre os 21 mil e 43 mil dólares. Os especialistas referem que devido à crise e à subida dos componentes, os preços de venda dos veículos serão “premium”, mas serão bem equipados, sobretudo com tecnologia de condução autónoma e soluções de software da marca.
Para já são as informações e rumores que têm circulado, uma vez que a Xiaomi tem mantido o maior secretismo possível sobre o seu automóvel, pois o mercado de elétricos na China é muito competitivo. Mas tudo indica que o modelo possa participar nos eventos dedicados a automóveis durante o ano, tempo para o dar a conhecer antes da sua produção em série.
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