Para já é um projeto científico, mais focado no conhecimento. Mas o potencial de torná-lo num serviço comercializável é grande. Um grupo de investigadores da Universidade de Aveiro está a desenvolver um sistema de análise de grandes áreas florestais que permite, por exemplo, saber se uma determinada plantação está doente.

O que a equipa liderada por Jan Keiser está a fazer é testar diferentes situações de stress das plantas - falta de água, falta de nutrientes ou ataques de pragas -, para determinar se é possível fazer uma leitura de espectro destes sinais.

No projeto LUNA - Low-flying Unmanned Aerial Forest Monitoring System - o drone está equipado com um sensor multiespectral. E é através da avaliação e análise dos sinais recebidos de determinada área que é possível detetar se existem problemas.

Como explicou em conversa com o TeK, Jan Keiser diz que atualmente as experiências estão a ser feitas numa escala científica e estão sobretudo focadas em plantações de eucaliptos. No entanto e caso as experiências com as medições espectrais devolvam os resultados esperados, então será possível aplicar o mesmo método a pinheiros, a mato bravo e até a oliveiras.

“Existem muitas possibilidades interessantes desde que o produto tenha um grande valor”, salientou o investigador.

A Universidade de Aveiro e a equipa de Jan Keiser estão só responsáveis pela parte científica, sendo que o drone é propriedade da empresa bracarense GeoAtributo. A parceria entre as entidades é acompanhada de um financiamento ao abrigo do QREN.

[caption]Drone UA[/caption]

Jan Keiser não tem dúvida de que a utilização de um drone é muito mais eficaz do que ter uma equipa de pessoas a fazer a avaliação no solo. Os drones conseguem percorrer uma área muito maior e de forma rápida, além de serem uma boa ferramenta de acompanhamento - para comparar, por exemplo, se o tratamento está a ser bem sucedido.

Mas o trabalho humano não é dispensado - o drone faz a recolha das imagens, mas depois é necessário alguém que faça a devida avaliação dos dados recolhidos.

A equipa de investigadores realizou o primeiro teste em “ambiente real” há duas semanas, estando neste momento a avaliar novas localizações para testar a metodologia. Está ainda prevista uma futura expedição à Galiza também para testes, sendo que o projeto de investigação deverá estar concluído até ao final de junho.

Mas a ideia que Jan Keiser mais destaca é a sinergia que pode existir entre investigação e empresas. “Interessante é combinar conhecimento científico com um produto que é comercializável. É muito interessante a colaboração entre empresas e universidades. Acho que é muito gratificante”, comentou.

Rui da Rocha Ferreira


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico