A startup aeroespacial Relativity Space conseguiu um ambicioso lugar no porto espacial do Cabo Canaveral, localizado na Flórida, nos Estados Unidos, e vai em breve começar a construir, ou melhor, a imprimir foguetões para lançar ao espaço. Conforme refere o The Verge, a empresa fechou negócio com a Força Aérea dos Estados Unidos, depois de um competitivo leilão entre os vários interessados no local. “A infraestrutura era a peça que precisávamos para finalizarmos o caminho até ao lançamento”, refere o CEO da empresa, Tim Ellis.
Graças a um fundo de 45 milhões obtidos, durante o ano passado, a empresa fundada em 2016 tornou-se mais um “player” na exploração da indústria comercial espacial. Estará mesmo a utilizar um centro da NASA para testar o seu motor Aeon, que a empresa tem estado a trabalhar, tendo sido feito 124 testes de disparo, num esforço de lançar o primeiro foguetão, o Terrain 1, em 2020.
O foguetão é descrito como sendo de tamanho médio/pequeno, com cerca de 10 andares, sendo capaz de transportar 1.250 quilos até à órbita inferior da Terra. Pequeno, quando comparado com o Falcon 9 da SpaceX, capaz de carregar 22.800 quilos.
Mas o que distingue a Relativity Space de outras empresas é o processo de fabrico dos foguetões. É referido que nos últimos 60 anos não houve progresso no sistema de construção, que continuam complicados e caros de fabricar. O segredo da startup é utilizar uma gigantesca impressora 3D para literalmente imprimir todas as partes necessárias, num processo praticamente automático, sejam o motor, os tanques ou a estrutura geral do veículo espacial.
Como refere a publicação de tecnologia, na sede da startup em Los Angeles encontra-se a maior impressora 3d de metal, uma máquina descrita como capaz de criar peças com seis metros de altura e três de largura. Esta será capaz de imprimir quase 95% do foguetão. O restante requer a intervenção de trabalhadores humanos, sobretudo nas fases de testes, envios e pequenos ajustes manuais.
A sua solução reduz custos, ao diminuir a quantidade necessária de componentes, muitos deles podem ser impressos em blocos únicos, mesmo as mais complicadas. Para se ter uma ideia, o injetor do motor requer normalmente 3.000 componentes para ser construído, mas através da impressão, o mesmo é composto por apenas três elementos.
O segredo foi transpor a complexidade dos componentes físicos para o software, para o design da arquitetura em programas como o Autocad. E segundo é referido, a impressora “não quer saber” se é complexo, basta passar-lhe o plano do modelo para fazer o trabalho. E tal como qualquer outra indústria com bases na impressão 3D, é possível ajustar rapidamente o design, caso seja necessário, através do software, e a impressora é automaticamente configurada com as mudanças. O derradeiro objetivo é reduzir a 60 dias, o tempo necessário para a construção de um foguetão.
Mas que não se pense que os planos da startup passam por construir um foguetão e enviá-lo ao espaço. O objetivo é levar o processo de fabrico para Marte, e a partir de lá utilizar a impressora 3D para construir uma fábrica “marciana”. Para já, necessitam provar que foguetões impressos a 3D podem voar…
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