Depois de um longo período de quebras nas vendas, que se prolongava desde o segundo trimestre de 2021, os fabricantes de tablets começam a ter motivos para voltar a sorrir, mesmo que em alguns casos ainda seja manifestamente cedo para celebrar.
O segmento voltou a terreno positivo, em volume de unidades enviadas pelas marcas para as lojas. Nos primeiros três meses do ano foram vendidos 30,8 milhões de tablets, mais 0,5% que em igual período do ano passado.
É a recuperação esperada, após um longo período de reflexo de alguma saturação do mercado para o formato e dos efeitos da inflação e clima de incerteza económica, que afetaram as compras de tecnologia de um modo geral, mas é um sinal ténue e com impacto diferenciado nos principais atores do segmento.
A Apple, por exemplo, conseguiu manter a liderança do mercado, mas a combinação de uma maior ponderação de compra dos clientes e a falta de novidades no portfólio têm mantido a marca essencialmente focada no escoamento de inventário. O segundo trimestre, durante o qual se prevê a chegada de novos iPads já deverá ser diferente, mas nos primeiros três meses do ano, a Apple perdeu 8,5% da sua quota de mercado e também reduziu o número de tablets vendidos, como mostra o quadro.
A Samsung ficou em segundo lugar do ranking mundial, com 6,7 milhões de unidades vendidas entre janeiro e março. Também aqui, a falta de novidades no portfólio é uma das explicações para que a quota da gigante sul-coreana no segmento tenha caído 5,8%. A outra está no aumento da concorrência, de marcas como a Lenovo e a Xiaomi, mas também da Huawei, que terá conseguido estender o impacto positivo do regresso ao mercado de smartphones a este segmento, refere a IDC.
A IDC sublinha que a recuperação do mercado é um sinal do início de um novo ciclo de renovação que deve continuar, mas que dificilmente atingirá os volumes registados na pandemia. Neste interesse renovado pelo formato, procuram-se sobretudo equipamentos orientados para a produtividade, de boa qualidade e preço mais elevado, mas a “concorrência dos PCs e dos smartphones contribuirá para uma perspetiva pouco animadora do mercado dos tablets”, lembra Anuroopa Nataraj, analista sénior do IDC Mobility and Consumer Device Trackers.
Segundo a mesma perspetiva, o potencial de crescimento do formato vai estar sobretudo apoiado na capacidade de suportar tecnologias inovadoras, como a inteligência artificial, para poder rivalizar com outros formatos.
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