Próteses feitas em impressoras 3D para aqueles que perderam uma perna depois de terem pisado uma mina antipessoal, sistemas informáticos de deteção de explosivos em edifícios e redes de comunicação que colocam em contacto refugiados e o resto do mundo são apenas algumas das aplicações da tecnologia em situações de crise humanitária. Aqui, a tecnologia é a solução para muitos problemas.

Josephine Goube, co-fundadora e diretora de operações da organização sem fins lucrativos Techfugees, acredita que a tecnologia tem o poder para aproximar o mundo, para encurtar a distância entre refugiados e o resto do planeta e para dar a conhecer o que realmente se passa nas regiões fustigadas pela violência das armas e pelo rugido dos engenhos explosivos.

Apesar dos avanços tecnológicos que se observam todos dos dias, Josephine Goube sublinha que a mais básica tecnologia pode mudar as vidas das pessoas que foram obrigadas a deixar para trás as suas casas e as suas vidas, fugindo de conflitos gerados por interesses que lhes são alheios.

“Não é preciso high tech ou 4G”, explica a responsável, com um brilho nos olhos. Um mero sistema de mensagens de texto, por exemplo, que é visto hoje como um dado adquirido, pode colocar em contacto famílias separadas pela guerra, ou ajudar uma mãe a encontrar um filho.

A COO lamenta a falta de investimento que existe por parte das empresas em iniciativas como a Techfugees, que opera há cerca de um ano com um orçamento de 10 mil libras, 8 mil das quais provêm de cidadãos comuns.

Frisando que é preciso “transformar palavras em ações”, Josephine Goube acredita que “há razão para ter esperança e para estar otimista”.

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Há também que perceber que as infraestruturas de comunicação e de conectividade podem colocar nas mãos dos refugiados ferramentas cruciais que lhes dão acesso a informações acerca de zonas de perigo ou dos hospitais e centros de tratamento mais próximos, bem como os coloca em contacto com o resto do mundo.

Andrew Harper acredita que a chamada “crise dos refugiados” na Síria está a ser alvo de um mediatismo massivo, mas que outras regiões do mundo não podem ser negligenciadas, como o Sudão.

“Precisamos de ouvir mais os refugiados”, refere o responsável pela Inovação na Agência dos Refugiados da ONU. Ele olha para a tecnologia como um ativo que permite ao mundo ver estas pessoas como indivíduos, e não apenas como números numa tabela estatística ou como parte de uma massa migratória sem forma.

Segundo Andrew Harper, é preciso implementar “uma estrutura global” que suporte iniciativas como a Techfugees, e disponibilize os recursos necessários para que esses projetos possam realmente funcionar e ajudar quem precisa.

Para além disso, está convicto de que é preciso desenvolver as competências tecnológicas destas pessoas, o que lhes vai permitir uma integração mais fácil e rápida nos mercados de trabalho dos países que os acolhem e onde esperam construir novas vidas.

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