Ter de interagir com o relógio para que ele faça a medição dos batimentos cardíacos é a lógica a seguir? Para a empresa HealthyRoad não - os sistemas devem ser pró-ativos e devem interagir com as pessoas, nunca ao contrário. E para que isto aconteça os gadgets devem ser capazes de ler ‘sinais’ nos utilizadores.

Para dar esta inteligência a diferentes sistemas - que podem ser integrados em carros, televisores ou smartphones - a empresa está a desenvolver sistemas de reconhecimento facial, sistemas de leitura de batimentos cardíacos e sistemas que detetam a fadiga e os níveis de distração, por exemplo.

A startup começou justamente por aqui, pela criação de uma tecnologia que detetasse a fadiga e a sonolência dos condutores. “Por forma a atingir uma performance elevada, desenvolvemos outras tecnologias de suporte: a de batimentos cardíacos e a de reconhecimento facial”, explicou o cofundador André Azevedo, em conversa com o TeK.

Foi aí que surgiu o IncrediblEye, uma tecnologia de biometria facial para medição de frequência cardíaca e que pode garantir várias utilizações, tais como ferramenta de autenticação ou de monitorização de bebés.

O factor de diferenciação para outras soluções semelhantes é o facto de o software ser compatível com sensores fotográficos de baixa resolução - três megapíxeis por exemplo - e com processadores não muito potentes. Desta forma pode ser usada numa grande variedade de dispositivos, mas garantindo uma taxa de precisão de 95%.

A tecnologia desenvolvida pela empresa que está sediada no UPTEC, no Porto, já atraiu o interesse de grandes tecnológicas como a Microsoft, que tenta garantir aos parceiros as melhores soluções para as suas necessidades, e a Sony, que tem uma presença forte no segmento da videovigilância

Quando se trabalha com elementos de biometria é preciso sempre ter em conta as questões da privacidade, algo que a HealthyRoad já está a tratar através da obtenção de uma certificação da Comissão Nacional de Proteção de Dados para a aplicação da tecnologia em soluções profissionais. “A área biométrica é desafiante, futurista”, considerou André Azevedo.

A empresa nortenha está agora a atravessar uma fase de testes, estando a experimentar a tecnologia de deteção de fadiga e a de leitura de batimentos cardíacos com vários parceiros. A Mazda é uma das empresas que está a trabalhar com a tecnológica portuguesa, para que os sistemas possam vir a ser integrados nos seus automóveis.

André Azevedo explicou que o objetivo passa agora por tornar o HealthyRoad num produto, enquanto o IncrediblEye vai manter-se como uma solução de software acessível para qualquer programador.

“Queremos levantar a próxima ronda de investimento até fevereiro e se os testes-piloto correrem bem, também queremos avançar para o licenciamento da tecnologia na próxmo ano”, adiantou. A HealthtRoad procura um investimento de 670 mil euros.

Rui da Rocha Ferreira