Imagine uma parede. Branca, azul ou amarela - a cor que preferir. E ao tocar na parede acende-se um candeeiro. Ao deslizar o dedo na parede, para cima ou para baixo, pode aumentar ou diminuir a intensidade da luz. E se colar uns LED na mesma parede, os mesmos ganham ‘vida’ começando a emitir luz.

E tudo isto sem recurso a botões, grandes fios, redes Wi-Fi ou sensores. Será magia? Não, é algo muito mais simples. O segredo está na tinta que é usada na superfície.

Passaram dez meses desde que o TeK falou pela última vez com Hugo Miranda, investigador da Universidade de Aveiro, que está a liderar o desenvolvimento de tinta condutora e magnética. Se no início do ano o grande foco do projeto era a impressão rápida e de baixo custo, agora os objetivos são mais variados.

“Pensámos fazer a ligação das tintas condutoras à Internet das Coisas, estendendo aos elementos que não estão preparados para a domótica”, explica o investigador.

Então e a parede tem de ficar da cor da tinta condutora? Esse é outro dos segredos do projeto. A fórmula está construída para que a camada de tinta possa ficar escondida, querendo isto dizer que o utilizador pode colocar outra qualquer cor primária. Em resumo: qualquer parede lá de casa pode ser ‘inteligente’ sem que alguém dê por isso.

O projeto tem chamado a atenção de algumas empresas que estão sobretudo interessadas nesta componente das superfícies interativas - pois quem diz uma parede, diz uma mesa ou outro objeto qualquer. “A utilização é o que vier à cabeça”, brinca o investigador.

Hugo Miranda diz que “com algumas dezenas de euros” é possível pintar toda uma parede, um investimento de baixo custo considerando outras superfícies interativas - como os ecrãs sensíveis ao toque ou os ecrãs LCD.

Por agora estão a testar um novo protótipo com a intenção de criarem uma montra inteligente. Mas em vez de aplicarem a tinta na montra, a montagem vai ser feita com recursos a autocolantes que têm o composto. Assim é só colar, usar e quando não for mais necessário, retirar sem grande dificuldade.

A criação de projetos costumizados tem sido a tarefa mais requisitada ao grupo de investigadores. “Quem pede no geral são empresas que usam a tecnologia e não a fazem. Querem a tecnologia para o retalho, para a interação”, explica.

Enquanto vão fazendo evoluir o conceito, trabalham também para que em meados de 2016 possam ter um produto à venda no mercado para que as pessoas experimentem - e assim melhor percebam - as potencialidades da tinta condutora.

Rui da Rocha Ferreira