Desde 2008 que a plataforma de reserva de alojamento Airbnb permite que os viajantes fiquem hospedados em apartamentos e casas de cidadãos locais em vez de em um hotel turístico, um conceito cuja popularidade cresceu incessantemente na última década.
A startup fundada por três amigos criou uma nova maneira de se fazer turismo e de conhecer cidades de todo o mundo, desde Nova Iorque a Paris ou Londres, lugares onde os quartos de hotel ou são difíceis de encontrar ou têm preços que não são acessíveis para todas as carteiras.
E é precisamente a capital londrina que lidera o top das cidades mais populares no Airbnb com uma taxa média diária de 184 dólares (cerca de 160 euros), seguindo-se Paris e Nova Iorque, com taxas médias diárias de 118 e 186 dólares respetivamente, segundo dados da Statista.
Em Lisboa, de acordo com dados do AirDNA, a taxa média diária é de 86 euros e, dos cerca de 14 mil alojamento disponíveis na capital portuguesa, à volta de 76% são casas inteiras. Os imóveis com um quarto são os mais representados (43%), um número que chega aos 4.668.
No ano passado, a plataforma de reserva de casas Airbnb permitiu o alojamento em Portugal de mais de 2,6 milhões de visitantes, oriundos de mais de 150 países, permitindo que cada anfitrião da tecnológica sedeado no nosso país ganhe perto de 6,8 mil dólares anuais brutos (5,5 mil euros).
Em 2017, Lisboa foi o oitavo destino a nível mundial com mais noites vendidas em alojamentos Airbnb, com um dos seus momentos altos a ter ocorrido durante a conferência Web Summit, entre 6 e 9 de novembro.
Esse crescimento da Airbnb em Lisboa foi visível no montante de taxas turísticas entregues à câmara que, em 2017, ascendeu a 3,8 milhões de euros. Trata-se de taxas no valor de um euro por noite que, à semelhança dos hóteis, os alojamentos locais passaram a cobrar.
Contudo, os 10 anos de Airbnb também têm sido envoltos em polémicas e várias lutas governamentais, com a Comissão Europeia a exigir uma maior transparência nos preços e o cumprimento rigoroso dos direitos dos consumidores.
Já em 2016, a DECO tinha alertado para a necessidade de existir um código de conduta nestas plataformas, que começavam a ganhar um peso importante no consumo colaborativo.
Também “dentro de portas”, o Parlamento aprovou alterações à lei do alojamento local contra a vontade do sector, com os condóminos e as autarquias a ganharem mais poder e o mercado a ficar menos liberalizado. Por exemplo, com as alterações à lei aprovadas em julho passado, uma pessoa singular ou uma empresa só pode ter até sete alojamentos locais e se os os proprietários de mais de metade do prédio (tendo em conta a permilagem) se opuserem ao alojamento local, a atividade pode ser impedida.
A mais recente polémica da plataforma eletrónica de aluguer de casas é o facto de ter lançado um concurso que oferece uma noite numa atalaia da Grande Muralha da China.
Caso vençam o concurso que a empresa lançou em 11 mercados, e nos quais Portugal não está incluído, oito viajantes vão ter a oportunidade de passar uma noite no monumento considerado património da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
As críticas nas redes sociais não tardaram a surgir, com um utilizador da rede plataforma Weibo, equivalente ao Twitter na China, a questionar como é possível pernoitar na Grande Muralha, um “património histórico sobre proteção”. Outro internauta acusou que "agora, até relíquias antigas podem ser alugadas para ganhar dinheiro".
O Airbnb reagiu, afirmando que a proteção de relíquias históricas e culturais foi a "intenção original" daquele concurso, que pede aos utilizadores um breve ensaio sobre o motivo pelo qual é importante para eles derrubar as barreiras entre culturas.
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