Embora faça parte das boas práticas no desenvolvimento de websites, as normas de acessibilidade continuam longe de ser cumpridas por muitas entidades, deixando de fora utilizadores com incapacidades visuais, auditivas, físicas, cognitivas, de linguagem, aprendizagem e neurológicas.

O sector da Banca e da Educação estão entre os maus exemplos apontados por um estudo do Grupo Permanente de Negócio Eletrónico (GNE) da APDSI, que identificou nos sites dos bancos a operar em Portugal um número elevado de erros, tal como nos sites das melhores Escolas Secundárias. Os nomes das entidades avaliadas não foram revelados.

Ramiro Gonçalves, professor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e um dos responsáveis por este estudo, adiantou que "o número de erros no setor da banca em 2011 é arrasadoramente alto. Há apenas um ou outro exemplo onde é possível as entidades estarem próximas de um nível mínimo de acessibilidade. Ficámos surpresos com estes números".

Nas escolas o estudo usou o ranking das melhores escolas secundárias portuguesas para uma análise, realizada apenas na primeira página, mas "a situação não é nada boa", adianta o mesmo responsável, citado em comunicado da APDSI. Em cada página foram encontrados cerca de uma centena de erros, como se pode verificar na apresentação realizada no Workshop realizado no dia 19 de julho.

A nível mais lato, uma atualização dos resultados da acessibilidade Web das mil maiores empresas em Portugal, um estudo também desenvolvido pela associação, se nota uma melhoria apenas no nível mais básico de satisfação de necessidades dos cidadãos com deficiência.

Mais do que o número de erros identificados, os autores do estudo referem com preocupação que quando confrontadas com a sua fraca acessibilidade, a maior parte das empresas não demonstra preocupação em melhorar esses resultados. A entrega, em regime de outsourcing, do desenvolvimento das páginas web é uma das razões apontadas para esta desresponsabilização, mas o relatório refere ainda a falta de informação. "É preciso insistir, tentar dizer às pessoas que é possível incorporar melhorias na acessibilidade web embora saibamos que é algo que não se vai resolver de um dia para o outro", adianta.

O Grupo sugere que se tente premiar as empresas com um comportamento mais correto para inverter a atual tendência.

O GNE estuda desde 2007 o comportamento das mil maiores empresas portuguesas em volume de negócio e de mil pequenas e médias empresas nacionais mais ativas a nível da acessibilidade web, mas os casos de evolução positiva são pouco expressivos: apenas uma empresa garante o nível de acessibilidade triplo A e quatro asseguram o duplo A, dois escalões diferentes no ranking da acessibilidade.

A Administração Pública continua a não ficar bem na fotografia, apesar das melhorias registadas em 2011 face ao ano de 2009 nos sítios web de 15 ministérios, apontou na mesma apresentação Jorge Fernandes, da Fundação para a Ciência e a Tecnologia.

Como sugestões de melhoria fica a possibilidade de tornar os PDFs mais acessíveis e tomar maior cuidado com as questões de javascript "nomeadamente ao nível da página de entrada".

Entre os exemplos apontados fica o facto de 83% das páginas usarem incorretamente a marcação de cabeçalhos e 70% dos controlos de formulário não terem uma etiqueta.

Portugal foi dos primeiros países da Europa a adotar regras para a acessibilidade na Web, assumindo mesmo um papel relevante na difusão destas práticas nos Estados Membros da União Europeia. Em 1999 surgiram as primeiras iniciativas legislativas em Portugal, com algumas imposições a nível da Administração Pública.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

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