O Instagram recomenda vídeos (reels) de cariz sexual a contas de adolescentes (maiores de 13 anos), alegadamente interessados em conteúdos picantes, revelam dois testes separados, que utilizaram metodologias semelhantes, conduzidos pelo WSJ e por Laura Edelson, professora de ciências de computação na Northeastern University.
Os dados das experiências revelam inclusive que os jovens utilizadores do Instagram recebem mais facilmente recomendações de vídeos sexualmente explícitos e nocivos do que a plataforma deixa transparecer.
Os testes permitiram também aferir que a rede social continua a divulgar a menores conteúdos orientados para adultos apesar das alterações relacionadas com a proteção de menores. Em janeiro, a empresa-mãe do Instagram (Meta) apresentou novas medidas para proteger os jovens utilizadores do Facebook e Instagram, restringindo o que designa por “conteúdos sensíveis”, incluindo material sexualmente sugestivo.
O jornal criou, durante sete meses, até junho, contas de utilizadores onde se indicavam idades abaixo de 18 anos que depois percorreram o feed de vídeos Reels do Instagram, saltando o conteúdo “normal” e detendo-se em vídeos criados para adultos.
Com base nas pesquisas das aparentemente contas de adolescentes “o Instagram disponibilizou uma mistura de vídeos que após três minutos incluía conteúdos moderadamente picantes, como mulheres a dançar sedutoramente ou a posar em posições que realçavam os seus seios. Quando as contas dos 'jovens' saltavam outros vídeos, mas viam os vídeos picantes até ao fim, o Reels recomendava conteúdos mais ousados, o que acontece após 20 minutos de navegação”.
Segundo o jornal, foram reproduzidos os testes realizados em 2021 pela antiga equipa de segurança da Meta, que descobriu que o sistema de recomendação universal do site limitava a eficácia das medidas de segurança para crianças. Documentos internos de 2022 mostram que o Meta sabia que o seu algoritmo recomendava “mais pornografia, violência e discurso de ódio a jovens utilizadores do que a adultos”, relata o Wall Street Journal.
No entanto, um porta-voz da Meta, Andy Stone, considerou que esta foi “uma experiência artificial que não corresponde à realidade de como os adolescentes usam o Instagram”. Acrescentou que a empresa tem feito “um esforço para reduzir ainda mais o volume de conteúdo sensível que os adolescentes podem ver no Instagram” e que “reduzimos significativamente esses números nos últimos meses”.
Não é a primeira vez que o WSJ investiga o serviço de vídeos Reels do Instagram. Já antes concluíra que o algoritmo de agregação de conteúdos da plataforma tem tendência para sugerir conteúdo de teor sexual, a quem demonstra interesse por contas de jovens.
O jornal revelou que foram efetuados testes semelhantes aos realizados no Instagram, noutras plataformas orientadas para o vídeo (TikTok, Snapchat), mas que não produziram os mesmos resultados de recomendação.
A Meta tem andado debaixo de olho devido à falta de cuidado que tem com a proteção dos menores nas suas redes sociais. No mês passado, a Comissão Europeia abriu o procedimento formal contra a Meta, por eventuais quebras da DSA relativas às redes sociais Facebook e Instagram na questão da proteção de menores.
Em março, um procurador do Novo México, EUA, anunciou que quer processar a Meta por alegadamente dar espaço para a atuação criminosa de predadores sexuais de crianças. A primeira ação do procurador foi submetida em dezembro do ano passado, acusando as redes sociais da Meta de facilitar essas ações de abusos sexuais contra menores.
Entretanto, o concorrente da Meta, o X (antigo Twitter) autorizou a publicação de conteúdos explícitos para adultos, desde que cumprindo as regras de utilização do site. Estes conteúdos não estão teoricamente acessíveis aos menores. A X não define, no entanto, quaisquer consequências para as publicações não assinaladas.
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