A mais recente investigação da Amnistia Internacional revela que sete em 10 pessoas sentem que os governos não estão a fazer o suficiente em matéria de regulação das grandes empresas tecnológicas. A organização demonstra que 71% dos 10.000 inquiridos em nove países (Brasil, Dinamarca, Egito, França, Alemanha, Índia, Noruega, África do Sul e EUA) estão preocupados com a forma como as Big Tech recolhem e usam os seus dados.
No que toca à recolha de dados, 62% dos inquiridos sentem-se preocupados relativamente a possíveis violações do seu direito à privacidade, enquanto 52% se sentem mais apreensivos com a possibilidade de deixar de ter controlo sob as suas informações. Deste grupo de questionados, mais de metade receia que os dados acerca da sua atividade online possam revelar mais do que desejariam. Já um terço teme que estes possam ser utilizados por entidades estatais.
O relatório da ONG revela que 77% dos inquiridos está dessatisfeito com a utilização dos dados por parte das Big Tech para a venda de anúncios personalizados, sendo que 55% consideram que esta é uma invasão à privacidade. Os participantes da investigação sentem também que a prática pode ser utilizada para influenciar a opinião política do público ou então para aproveitar-se de utilizadores que estejam mais vulneráveis.
“Os resultados são uma forte condenação à forma como as Big Tech usam os nossos dados pessoais”, afirma Tanya O’Carroll, Diretora da Amnesty Tech, citada em comunicado. “As pessoas querem que as gigantes tecnológicas deixem de «espezinhar» o seu direito à privacidade”, acrescenta a responsável.
As Big Tech necessitam de uma “mudança radical”
Os resultados postos em evidência pela ONG vêm reforçar o seu alerta relativamente à forma como o Facebook e a Google ameaçam os direitos humanos. Em novembro, a Amnistia Internacional apresentou um relatório onde demonstra que o modelo de negócios das duas gigantes tecnológicas, o qual se baseia na vigilância, é inerentemente incompatível com o direito à privacidade.
Além disso, a atuação das empresas representa um “sério risco para uma série de outros direitos”: desde a liberdade de expressão e de opinião à de pensamento, passando também pelo direito de não discriminação. Para a Amnistia Internacional "esta não é a Internet para a qual as pessoas se inscreveram". Assim, a ONG apela aos governos à volta do mundo para que protejam os direitos dos seus cidadãos, impedindo que as Big Tech continuem a levar a cabo o seu modelo de negócios atual.
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