As ameaças estão sempre à espreita no mundo online, colocando milhares de consumidores em risco de se tornarem vítimas de burlas ou fraudes. Ao longo de 2021, as burlas online já geraram mais de 2.700 reclamações, numa média de 20 queixas por dia, e com prejuízos a ascender aos 500 mil euros.
Em comunicado, o Portal detalha que, entre o dia 1 de janeiro e o dia 19 de maio, chegaram à plataforma 2.745 reclamações relacionadas com burlas online, um crescimento de 24% face ao período homólogo, onde se verificaram 2.182 queixas. Em 2020, o número de queixas relacionadas com o mesmo problema disparou 69% face ao ano anterior.
A análise da equipa do Portal da Queixa revela que, no primeiro trimestre do ano, o total de reclamações reportadas pelos consumidores ultrapassou sempre as 600 queixas mensais. Só em maio a rede de consumidores já recebeu 300 reclamações relacionadas com burlas online.
São vários os tipos de esquemas praticados que são denunciados pelos consumidores no Portal da Queixa, destacando-se casos em apostas desportivas, burlas nas redes sociais ou ainda através do MB WAY.
“Para combater este problema, temos em marcha um movimento cívico nacional, o #NãoSejasPato, que tem como principal objetivo ajudar a aumentar o conhecimento e a capacidade dos consumidores portugueses, para comprarem em segurança através da Internet, promovendo a literacia digital e financeira e educando a sociedade de consumo para não cair em esquemas de fraude e burlas online.”, sublinha.
Quais são os principais esquemas de burla usados no ambiente digital?
- Sistemas de pagamentos eletrónicos
Com a evolução tecnológica a garantir, cada vez mais, rapidez e flexibilidade nas transações financeiras entre particulares, as formas de pagamento digitais, foram essenciais para a sustentabilidade da economia, durante o tempo de estado de emergência na pandemia.
Porém, o Portal afirma que a falta de experiência revelou ser o “tendão de Aquiles” da vasta maioria dos novos utilizadores das tecnologias. A utilização de referências bancárias e aplicações financeiras foram as principais armadilhas para os mais incautos e com menos literacia digital. A segurança na utilização destas ferramentas digitais não está em causa, contudo, a inexperiência na sua utilização deu lugar a milhares de consumidores lesados financeiramente.
Assim, os especialistas recomendam que use apenas meios de pagamento com os quais esteja verdadeiramente familiarizado, com a garantia que não coloca o seu património financeiro em perigo.
- Forex e Apostas Desportivas
Os investimentos em Forex foram um fenómeno de crescimento em Portugal, potenciado por Youtubers nacionais e com promessas de enriquecimento fácil. Porém, os resultados foram desastrosos para os consumidores que decidiram acreditar que o risco é diminuto.
Os especialistas do Portal da Queixa explicam que, na realidade, a taxa de perda ronda os 87% neste tipo de investimento. Por outro lado, as apostas desportivas costumam ser promovidas por Youtubers e influencers nas redes sociais, neste caso, com esquemas de probabilidade de ganho, que também se mostraram infrutíferos para os consumidores.
“Ganhar dinheiro fácil não é possível em nenhuma circunstância, principalmente quando envolve alto risco de perda”, afirma o Portal da Queixa, aconselhando os consumidores a procurar investimentos com menor risco e garantia de retorno e a desconfiar sempre de influencers que promovam a sua liberdade financeira.
- SMS e Emails fraudulentos
Recebeu um SMS ou email a anunciar que foi premiado num concurso, ou, então que tem uma encomenda à sua espera e que indicam que deve tomar uma ação urgente? De modo geral, as mensagens em questão têm ligações que nunca deve clicar e que o podem remeter, por exemplo, para um formulário ou página falsa onde são solicitados os seus dados pessoais e a introdução dos números do seu cartão de crédito, para o pagamento de um valor simbólico de 1€, como forma de comprovar a sua intenção e receção do produto.
No caso de ter participado num concurso organizado por uma marca conhecida no mercado, contacte-a sempre diretamente pelos seus canais digitais ou telefone e nunca através da ligação presente na mensagem. Deve proceder igualmente em conformidade, caso tenha realmente uma encomenda em expedição, solicitando mais informações aos CTT ou outro operador logístico.
- Compras online pelo Facebook ou Instagram
Grande parte da população online tem um perfil, ou mais, em redes sociais como o Facebook, Instagram, Tik Tok ou Twitter. Embora existam perfis de marcas reconhecidas no mercado, estas são verificadas e dispõem desse ícone visual normalmente ao lado do nome que aparece no perfil.
O mesmo já não acontece com as marcas que não são conhecidas do grande público, mas que aparecem às centenas, a vender produtos de vestuário, calçado desportivo, acessórios de moda ou gadgets e tecnologia. Na sua maioria, estas não são empresas, são particulares que criam um perfil empresarial nas redes sociais.
Embora pareçam marcas estruturadas e empresas de confiança, é possível verificar que a realidade não é bem assim. Em muitos dos casos, as supostas marcas não têm informação de morada física, designação social, telefone fixo e raramente enviam fatura com um número fiscal coletivo: todos dados cruciais para exigir os seus direitos enquanto consumidor caso algo corra mal.
- Roubo da conta no WhatsApp
São muitos os utilizadores que recebem mensagens ou telefonemas a referir que existe um problema com um determinado serviço e sob pressão na urgência para a resolução, o “burlão” solicita a leitura de um código recebido por SMS, com vista a confirmar a intenção de obter ajuda para resolver o tal problema.
Ao fornecer inadvertidamente o código de configuração do WhatsApp ao “burlão”, a vítima dá-lhe a possibilidade de instalar a app com o seu número, permitindo aceder a toda a informação disponível nas conversas guardadas. Os criminosos podem também aceder aos contactos mais próximos, como familiares e amigos, fazendo-se passar pela vítima e pedindo dinheiro como se encontrassem numa situação urgente. Quando a vítima consegue entrar em contacto com o “raptor” da conta, este exige um pagamento, normalmente em Bitcoin, como forma de resgate.
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