Esta publicidade, proibida em campanha eleitoral, “está escondida atrás de uma página de Facebook não identificada”. Desde que foram criados, em 26 de fevereiro, quatro posts publicitários “atingiram entre 11 mil e 500 mil destinatários cada”, sendo que um deles foi “visto por um milhão e 185 mil portugueses entre os 25 e os 65 anos”, segundo informações recolhidas pelo MediaLab do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e a Empresa (ISCTE-IUL).
No total, os “posts patrocinados podem ter chegado a mais de dois milhões de portugueses, cerca de 22% da população com capacidade eleitoral”, diz o relatório do MediaLab, que resulta de um projeto, em parceria com a agência Lusa, sobre as eleições nas redes sociais e os processos de desinformação na fase pré-eleitoral para as legislativas de 10 de março.
Segundo uma estimativa do Medialab, e face ao tipo de segmentação e alcance atingido, “o investimento total pode rondar os 12 mil euros em apenas três dias de campanha publicitária”, o que leva os investigadores a admitir que se pode “estar perante uma operação bastante profissional, mas procurando escapar às regras da comunicação eleitoral”.
As publicações estão associadas a uma página do Facebook, chamada “Noticias Internacionais” e que remete para um site que não existe – noticias internacionais Globo – tentando estabelecer “alguma confusão” com o canal de tv brasileiro.
Na publicação com mais alcance, que chegou a 1,1 milhões de pessoas, pode ler-se: “Montenegro mente sobre cortes de pensões e internet reage, líder da AD diz que partido não cortou benefício de pensionistas quando governou”.
Outro post, com um alcance superior a 477 mil utilizadores, mostra uma foto de Montenegro e Pedro Passos Coelho, ex-primeiro-ministro de um Governo PSD/CDS (2011-2015), com o título: “Luís Montenegro, Passos Coelho e os sucessivos cortes aos pensionistas”.
As publicações, que continuam online, são “bastante cuidadas graficamente e veiculam a mensagem através de texto e fotos, disponíveis na internet, de Luís Montenegro ou Pedro Passo Coelho”.
No entanto, este tipo de conteúdo, anónimo e pago, nas plataformas, é proibido durante a campanha eleitoral, segundo a lei 72/2015, que regula a propaganda eleitoral através de meios de publicidade comercial, confirmou à Lusa o porta-voz da Comissão Nacional de Eleições (CNE), Fernando Anastácio.
“Não pode ser anónimo” e “publicidade patrocinada, neste momento, é proibida”, precisou Fernando Anastácio.
Os chamados posts patrocinados são um formato publicitário habitual no Facebook, através do qual uma página pode pagar para aumentar o alcance de uma publicação.
Para os utilizadores, explica o MediaLab, a publicação aparece no feed com a menção “post patrocinado”, mas não se distingue das restantes publicações.
De acordo com dados recolhidos pela equipa do MediaLab na plataforma de transparência de anúncios da Meta, proprietária do Facebook, estes anúncios terão circulado no Facebook, no Instagram e nas aplicações móveis que recorrem aos anúncios da Meta Audience Network.
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