Logo no início de agosto, Donald Trump assinou uma ordem executiva com vista a colocar o TikTok na “lista negra” dos Estados Unidos caso não seja comprado por uma empresa norte-americana. Desde então, a rede social tem vivido uma autêntica “novela”, repleta de reviravoltas inesperadas, processos judiciais e uma maratona negocial entre possíveis compradores.
Esta última semana revelou-se particularmente “caótica” para a rede social: desde uma demissão inesperada do seu CEO à entrada do Walmart, o gigante norte-americano do retalho, como um dos concorrentes na corrida à compra da aplicação, passando ainda pela implementação de um plano de emergência para que a empresa não contrate novos colaboradores até 15 de setembro.
A 27 de agosto, Kevin Mayer, que tinha assumido o cargo de CEO da rede social há apenas 100 dias, anunciou a sua demissão. A decisão, comunicada através de uma nota aos colaboradores da empresa, está relacionada com a crescente pressão da Administração de Donald Trump para cortar os laços com a China. De acordo com fontes a que o Financial Times teve acesso, o responsável não esperava que a sua empresa passasse a estar incluída na batalha entre os Estados Unidos e a China.
Já Zhang Yiming, fundador e CEO da Byte Dance, reagiu à noticia indicando que compreendia a decisão tomada, uma vez que o resultado das circunstâncias políticas poderia ter um profundo impacto no cargo desempenhado. Ao que tudo indica, Vanessa Pappas, general manager do TikTok nos Estados Unidos, vai passar a assumir o cargo deixado por Kevin Mayor.
Walmart e Microsoft juntam-se para comprar o TikTok
No mesmo dia em que Kevin Mayer revelou a sua decisão de abandonar o cargo de CEO do TikTok, o Walmart anunciou que se tinha juntado à Microsoft para comprar as operações da rede social nos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia.
Em comunicado, a gigante do retalho Doug McMillion, CEO do Walmart, afirma que a empresa tem confiança de que a parceria vá “ao encontro das expetativas dos utilizadores do Tiktok, satisfazendo também as preocupações dos reguladores do Governo dos Estados Unidos”.
Inicialmente, os planos do Walmart envolviam uma parceria entre a Alphabet e a Softbank, com a empresa a deter a maioria das operações das rede social.
A ideia terá partido de Marcelo Claure, Chief Operating Officer do Softbank, que acreditava que a combinação do apelo do Walmart aos consumidores nos Estados mais conservadores com o consolidado negócio da Google em matéria de computação na Cloud faria uma parceria sólida, quer a nível político como financeiro.
No entanto, a Administração Trump não concordou com a ideia, exigindo que o processo de aquisição teria de ser liderado obrigatoriamente por uma empresa tecnológica, reportou a CNBC.
Agora, o Walmart e a Microsoft concorrem diretamente contra a Oracle, que deu entrada na corrida logo após Donald Trump ter uma nova ordem executiva que estabelece que o TikTok passa a ter um prazo de 90 dias para ser vendido. Caso não seja comprado até 12 de novembro, a aplicação será banida nos Estados Unidos.
Avaliada num valor que ronda os 166 mil milhões de dólares, a Oracle apresenta-se como uma das empresas que conseguiria pagar o avultado preço do TikTok, estimado entre os 20 e os 50 mil milhões de dólares. Há também outro fator que pode cair nas boas graças de Donald Trump: Larry Ellison, cofundador e CEO da empresa, é apoiante do atual presidente norte-americano.
Além disso, o presidente norte-americano já demonstrou o seu apoio à Oracle. A 19 de agosto, num evento no Estado do Arizona, Donald Trump afirmou que a considera como uma “excelente empresa”. “Acho que a Oracle seria certamente alguém que conseguiria tratar do assunto”, sublinhou o presidente.
Um “congelamento” por entre a incerteza
Recentemente, o TikTok contestou a decisão de Donald Trump em tribunal, mas a abertura de um processo judicial não foi uma única medida da rede social para tentar mitigar as consequências da ordem executiva.
Embora a imprensa internacional desse conta da adoção de uma estratégia pouco convencional, com uma aposta na contratação em massa de novos colaboradores para os escritórios norte-americanos, a ByteDance terá pedido à empresa para tomar medidas de contingência para preparar uma possível proibição nos Estados Unidos.
A Reuters avança que a rede social já implementou o “congelamento” de novas contratações nos Estados Unidos até 15 de setembro, o prazo final inicialmente estabelecido por Donald Trump. De acordo com fontes a que a agência teve acesso, o TikTok está também a encorajar os novos funcionários a não assinar qualquer tipo de contrato definitivo na empresa até setembro.
Já em declarações ao Business Insider, a empresa admitiu que a ordem executiva está a pôr em causa os postos de trabalho no país. “Estamos a trabalhar arduamente para assegurar que podemos oferecer empregos ao longo dos próximos anos à medida que construímos uma plataforma para os nossos utilizadores, criadores, parceiros e restante comunidade nos Estados Unidos”, afirmou um porta-voz do TikTok.
“Como qualquer empresa responsável faria, estamos a preparar planos para que os nossos colaboradores norte-americanos continuem a receber ordenados independentemente do resultado final”, sublinhou a rede social.
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