Deepfake de youtuber ucraniana foi utilizado na China em propaganda russa

Rui Parreira

21 jun 2024 13:03

Jovem de 21 anos ucraniana viu a sua imagem ser recriada por inteligência artificial a fazer-se passar por russa, fluente em mandarim, para vender produtos e apoiar a Rússia na guerra na Ucrânia.

A inteligência artificial está a ser utilizada como ferramenta de deepfake na China para recriar rostos de pessoas como alter egos virtuais de partilha de conteúdo nas redes sociais. Segundo a Reuters, uma jovem de 21 anos, estudante na Universidade da Pensilvânia, de nome Olga Loiek, cria vídeos para o seu canal no YouTube nas horas vagas.

Depois de ter lançado o seu canal em novembro do ano passado, a jovem ucraniana descobriu que a sua imagem tinha sido utilizada por inteligência artificial para criar uma réplica de si nas redes sociais na China.

Com o nome de Natasha, este avatar com o rosto de Olga Loiek, diz ser uma mulher russa fluente em chinês. Na sua mensagem deixa o agradecimento à China pelo apoio à Rússia, aproveitando também para juntar algum dinheiro a vender produtos, tais como doces russos. A conta em questão tem centenas de milhares de seguidores na China, muito mais que a jovem real que dá a cara ao avatar.

A jovem refere que vê o seu rosto a falar mandarim e que no fundo tem o Kremlin e Moscovo, “e digo o quão espetacular é a Rússia e a China”, disse à Reuters, assustada, porque são coisas que nunca diria.

A agência diz que o caso da jovem ucraniana é um exemplo de uma tendência em crescimento de deepfakes que à primeira vista parecem mulheres russas a comunicar nas redes sociais chinesas, com mensagens de elogios à China e que procuram o apoio à Rússia na guerra contra a Ucrânia ao venderem produtos do seu país.

Estes vídeos são sempre baseados em clips de mulheres reais encontradas online, sem o seu conhecimento, com o objetivo de vender produtos sobretudo direcionados a homens solteiros chineses. No caso da conta baseada Olga Loiek, foram faturados dezenas de milhares de dólares em produtos vendidos.

Já no ocidente, as deepfakes têm feito vítimas entre atores famosos. O caso mais conhecido é a imitação de Scarlett Johannson que viu a sua imagem ser replicada por IA e a ser promovida em anúncios de vídeo sem a sua autorização. A atriz tomou ação legal contra a empresa em questão. Anteriormente, o ator Tom Hanks deixou o alerta nas suas redes sociais de que um anúncio a vender planos dentários estava a utilizar a sua imagem e voz, sem a sua autorização e conhecimento.