O Wikileaks faz hoje 10 anos de vida. Registado como domínio a 4 de outubro de 2006, o portal tem, desde então, agitado as altas esferas do poder com a publicação de acervos repletos de informações sensíveis que têm posto em cheque várias entidades públicas e privadas.

Neste caso, o nome do criador confunde-se com a da criação. Exilado na embaixada equatoriana em Londres, o australiano Julian Assange assumiu o protagonismo da organização em 2010 depois de publicar mais de 90 mil documentos confidenciais que comprovam a tortura e a morte de milhares de civis em incidentes não relatados publicamente durante a guerra no Afeganistão.

Depois de 10 milhões de documentos publicados, Assange revela esta sexta-feira ao semanário alemão Der Spiegel que não há arrependimentos ou sobressaltos no percurso. "Acreditamos no que estamos a fazer. É muito satisfatório. É extremamente interessante intelectualmente. Por vezes faz-se justiça com isto. Num dos casos, um homem injustamente acusado foi libertado graças a uma das nossas publicações", confessou. "Se és empurrado, empurra de volta".

Esta terça-feira, o portal publicou uma lista com as 10 publicações mais populares desde 2006, encabeçada pela denúncia dos maus tratos em Guantanamo e pelo acervo que o levou a exilar-se na capital inglesa.

Apesar das limitações a que está sujeito, Assange promete que o Wikileaks vai continuar atento. Para as próximas 10 semanas há um plano de publicação semanal que vai implicar a Google e as eleições presidenciais norte-americanas, um assunto que, de resto, tem sido várias vezes visado pelo portal.

No seguimento de várias publicações acerca do Partido Democrata, o jornalista australiano nega que esteja a "fazer campanha por Donald Trump", e que as informações que tem publicado sobre o tema lhe tenham sido passadas pelos serviços secretos russos. "O nosso papel é publicar. A Hillary Clinton faz parte do governo, logo, há mais para publicar sobre ela", diz Assange.

O futuro, será composto de pessoas. Muitas. "O WikiLeaks precisa de mudar de forma a sobreviver [...] Vamos precisar de um exército", disse o criador do portal esta terça-feira em conferência de imprensa onde anunciou o recrutamento de novos colaboradores por todo o mundo.