O Dia Mundial da Rádio comemora-se, oficialmente, desde 2012, numa data escolhida pela UNESCO por ter sido o dia em que, em 1946 e numa resolução das Nações Unidas, a Rádio ONU transmitiu um programa em simultâneo para um grupo de seis países.
Este ano, a UNESCO dedica o Dia Mundial da Rádio ao tema da radiodifusão desportiva com o objetivo de celebrar a rádio enquanto meio de comunicação, mas também de promover uma melhor cobertura dos desportos femininos, lutar contra a discriminação sexual nas ondas de rádio e defender a igualdade de oportunidades nos media desportivos.
Na sua mensagem de comemoração da efeméride, a diretora geral da UNESCO, Audrey Azoulay, destacou o facto dos media “apenas dedicarem 4% do conteúdo desportivo ao desporto feminino e que apenas 12% das informações desportivas são apresentadas por mulheres”, segundo o Relatório Mundial de Monitorização dos Media.
Por se tratar de um meio de comunicação altamente acessível, relativamente barato e de simples utilização, a rádio chega a 95% da população mundial, encurtando as distâncias entre as diferenças culturais, políticas, económicas e sociais.
Em Portugal, segundo dados do estudo Bareme Rádio da Marktest, dos mais de 4.500 inquiridos no ano passado, cerca de 55% afirmaram ouvir rádio, tendo-lhe dedicado uma média de 3 horas e 6 minutos por dia.
Estes dados contrariam a tese de que, à semelhança da imprensa escrita, também a rádio teria os seus dias contados numa época em que a internet foi tomando posição como plataforma de divulgação artística, cultural, educacional e informativa.
Contudo, a internet e outras novas tecnologias vieram estender ainda mais o alcance da rádio, oferecendo aos ouvintes uma multiplicidade de novos meios de transmissão com as novas plataformas ao permitirem uma interação diferente entre os profissionais da rádio e os seus ouvintes.
Para o jornalista Luís Filipe Barros, a rádio é um meio que “sempre se conseguiu adaptar a situações muito distintas” que, na altura do surgimento da televisão, terá vivido “o seu maior momento de crise”, mas que, com a sua integração na internet, “veio comprovar a maleabilidade do meio”, explicou em entrevista ao SAPO TEK.
A rádio passa, neste momento, por um processo de adaptação em que, grande parte das estações utilizam as suas plataformas online, como o Facebook, o Instagram e o Twitter, para disponibilizar links com a emissão de programação ao vivo, conteúdos em forma de texto, vídeos e infografias, entre outros.
Este é um processo que, na opinião do fundador do aclamado "Rock Em Stock", na Rádio Comercial, tornou os jornalistas “mais espertos e mais rápidos, mas também menos criativos”.
“Fez-nos um pouco reféns do presente. Ninguém escapa à atração da comunicação, do saber global e instantâneo. Tornou-nos co-dependentes da participação do ouvinte com o excesso de informação oferecido e, sem dúvida que isso influenciou o nosso pensamento como nunca”, disse em declarações ao SAPO TEK.
Com a disseminação dos dispositivos móveis e a presença da rádio em grande número destes aparelhos, o consumo individual é intensificado, provocando o surgimento, não apenas de uma nova rádio, mas de um novo perfil de ouvinte.
Apesar do carro ser o local onde os portugueses mais ouvem rádio (66.1%), com o acesso à internet a aumentar oito vezes em 10 anos, um em cada seis portugueses afirmam ouvir rádio pela Internet, um número que totaliza um milhão e 424 mil ouvintes e representa cerca de 17%.
Nos dias de hoje, o locutor é mais do que apenas uma voz e os ouvintes deixaram de ter um papel passivo, para procurarem o diálogo e a interatividade que as redes sociais facilitam. O jornalista, que atualmente explora a rádio 105.4, em Cascais, acredita que “esta ampliação de contato foi a grande promessa da tecnologia digital” com as novas tecnologias de informação e comunicação a “tornaram o ouvinte cada vez mais participativo na programação”.
Neste sentido, as novas plataformas têm sido importantes meios de divulgação das notícias já emitidas na rádio e disponibilizadas nos sites das emissoras e de potenciar a interacção com os ouvintes, cenário verificado sobretudo no Facebook. Por exemplo, rádios como a Comercial e a RFM estão entre os meios de comunicação nacionais com o maior número de fãs nesta plataforma.
As redes sociais e as novas tecnologias tornaram-se, não só num canal de comunicação entre indivíduos, mas também, no caso da rádio, num factor de fidelização, com a presença deste meio nas redes sociais a tornar-se um caminho sem volta à medida que as emissoras precisam de acompanhar o seu público.
Ao contrário do discurso dominante nos primeiros anos de presença da rádio na Internet, percebe-se hoje que a World Wide Web não é uma ameaça para o meio radiofónico, mas antes uma aliada que a complementa na oferta de conteúdos e na expressividade.
Fique com um vídeo que mostra que a internet não "matou" as estrelas radiofónicas. Apenas as "obrigou" a sair do estúdio.
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