Os educadores dos diferentes países europeus têm uma percepção reduzida, mas ainda assim diferente - de país para país -, dos perigos que a Internet pode representar para as crianças e dos próprios hábitos de utilização dos filhos.



Apenas 11 por cento dos pais, inquiridos pelo Eurobarómetro realizado pela União Europeia que será divulgado amanhã, impõem regras à utilização de Internet nas suas casas.



Entre o conjunto de tecnologias disponíveis - TV, telemóveis, jogos electrónicos, etc - apenas 24 por cento dos pais admitem concentrar as suas primeiras atenções nas regras à utilização da Internet (sendo a televisão o meio mais vigiado), sobretudo para crianças entre os 12 e os 15 anos.



Destes, seis em cada dez pais impõem como única regra a não visualização de terminados sites, 52 por cento impõem também restrições ao nível do tempo de utilização ao que se segue uma terceira preocupação (com 49 por cento de respostas) relacionada com o fornecimento de informação pessoal a outros utilizadores, através da Internet.



Em Portugal estes cuidados não são tidos pela maioria dos pais que afirmam não estabelecer quaisquer regras para o uso da Internet pelas suas crianças, concentrando a sua atenção no uso dos jogos electrónicos, do telemóvel e do computador.



Por outro lado, metade dos educadores europeus admitem que os seus filhos não saberão o que fazer se confrontados com uma situação na Internet que os deixe desconfortáveis. A confiança na capacidade de reacção das crianças é mais notória em países como o Reino Unido, onde 55 por cento dos inquiridos consideram que as suas crianças sabem como agir numa situação com estas características, assim como 41 por cento dos alemães e 48 por cento dos finlandeses. Portugal faz parte do grupo de pais menos seguros em relação à capacidade de agir das crianças, com mais de 30 por cento dos educadores a não responderem à questão.



Da mesma forma, a maioria dos inquiridos mostra desconhecimento relativamente à forma de agir caso se deparem com conteúdos ilegais na Internet. Cerca de 38 por cento dos inquiridos admitem não saber a quem endereçar as suas queixas. Os utilizadores que se consideram esclarecidos quanto à forma de agir numa situação deste tipo (37 por cento) consideram que a polícia é o recurso mais adequado nessa situação.



Para a maioria dos pais inquiridos a escola é o local ideal para que os seus filhos aprendam sobre segurança na Internet, resposta dada por 42 por cento dos inquiridos e 50 por cento dos pais que acreditam que os seus filhos utilizam a Internet nas escolas.



O inquérito revela que a utilização da Internet nas escolas diverge de país para país, segundo a percepção dos pais. Enquanto na Suécia 54 por cento dos pais afirmam que as suas crianças beneficiam da tecnologia na escola, essa percentagem desce para 53 por cento na Dinamarca, 51 por cento no Reino Unido, 11 por cento em Itália e 8 por cento na Grécia.



Para além da escola, os educadores mostram-se favoráveis a receber mais informação sobre segurança na Internet nos seus lares, considerando que a televisão é a melhor forma para tal. Esta preferência é mais vincada em países como Portugal (por 57 por cento dos inquiridos), Itália ou a Grécia, enquanto países como o Reino Unido, Alemanha e Luxemburgo consideram que a forma mais eficaz de receber informação sobre este assunto é através de uma carta. Para quase metade dos finlandeses o jornal seria a forma mais adequada.



O Eurobarómetro, que será amanhã apresentado numa conferência do Conselho da Europa da Comissão Europeia, a realizar na Polónia, coloca Portugal e Grécia no topo da lista das nações menos conhecedoras dos hábitos de utilização, ou não, de Internet dos seus filhos. Os dados - referem que 31 por cento dos educadores portugueses e 15 por cento dos gregos mostram pouco conhecimento relativamente à utilização de Internet pelos seus filhos, quando nos países nórdicos a percentagem de pais conhecedores do uso da tecnologia pelos seus filhos é de 64 por cento, em países como a Dinamarca, 63 por cento na Suécia e 62 por cento na Finlândia.


Uma segunda parte do estudo será realizada posteriormente com o objectivo de apurar indicadores sobre esta matéria nos 10 novos Estados-membros.



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