O Facebook reconheceu publicamente que a rede social tem sido utilizada por governos como instrumento de manipulação da opinião pública de outros países. O anúncio, que foi feito esta quinta-feira pela equipa de segurança da plataforma, refere explicitamente que é nos períodos eleitorais em que são detetadas o maior número de operações suspeitas.

Num documento de 13 páginas, o Facebook chega até a detalhar algumas das técnicas utilizadas por Estados e outras organizações que têm vindo a fazer uso de vários perfis para espalhar informações enganosas e falsidades com vista a atingir "objetivos estratégicos e/ou geopolíticos".

Os esforços, que a empresa diz serem concertados, vão para além do fenómeno da redação e disseminação de notícias falsas.

"Fomos obrigados a expandir o nosso foco de segurança do comportamento abusivo mais típico, como o hacking de contas, o malware, o spam e as fraudes financeiras para incluir também formas mais subtis e traiçoeiras de uso indevido da nossa plataforma. E isto inclui tentativas de manipular o discurso público e de iludir as pessoas", diz o Facebook. Para a concretização destes objetivos, são indicados métodos como a "plantação de conteúdos, a recolha criteriosa de dados de utilizadores e a utilização de contas falsas para ampliar o impacto de uma dada visão, semear a desconfiança em algumas instituições políticas e espalhar a confusão".

Na luta contra aquilo a que chama de "operações de informação", o Facebook suspendeu cerca de 30 mil contas só em França. A ação foi tomada antes da primeira volta das presidenciais francesas e atentou principalmente contra os perfis suspeitos com mais publicações e audiênica. As eleições norte-americanas também foram alvo deste fenómeno.

A rede social não aponta o dedo a qualquer país em específico, mas, como nota o The Guardian, a investigação conduzida não contraria as descobertas publicadas em janeiro passado num relatório elaborado pela Direção Nacional de Inteligência norte-americana que acusava a Rússia de ter influenciado os eleitores durante a campanha eleitoral de 2016 que foi protagonizada por Donald Trump e Hillary Clinton.

"Reconhecemos que no contexto de comunicação atual as redes sociais desempenham um papel preponderante ao facilitar contactos - não apenas em tempos de eventos cívicos, como as eleições, mas em todas as expressões quotidianas [...] em algumas circunstâncias, no entanto, reconhecemos que o risco de entidades maliciosas utilizarem o Facebook para ludibriar pessoas ou promover mensagens adulteradas é maior", pode ler-se no documento.

Doravante, a rede social compromete-se a monitorizar mais atentamente todas as "operações de informação" que visam instrumentalizar o Facebook para manipular as massas e informa que vai desenvolver novas ferramentas para identificar contas e para educar os seus utilizadores acerca destes perigos.

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