É possível a qualquer utilizador de Internet consultar o relatório que resulta da investigação realizada a Steve Jobs pelo FBI no início dos anos 90, a pedido do então presidente norte-americano George Bush.



A investigação, ordenada antes da nomeação de Steve Jobs para conselheiro de um comité de comércio internacional, conclui que o fundador da Apple era um homem obcecado pelo trabalho e um líder duro, características que a sua biografia também sublinha. Define-o como brilhante e visionário, qualidades que lhe eram atribuídas pelos que o conheciam e que, na maior parte dos casos, não hesitavam em recomendá-lo para um cargo político.



A nível político concluiu-se que Steve Jobs já tinha visitado a União Soviética, mas que nunca tinha sido filiado no partido comunista, nem revelava especial interesse pela ideologia.



Jobs consumiu drogas nos anos 70, algo que o próprio já tinha tornado público, mas naquela altura tomava apenas um copo de vinho ocasionalmente. Não tinha nenhum contacto com outras substâncias.



O presidente da Apple, entretanto falecido, estava também inscrito num ginásio, em Nova Iorque, embora nunca fosse ao espaço e durante três semanas recusou todas as propostos dos investigadores para um encontro presencial ou telefónico porque tinha a agenda demasiado ocupada. Já na altura Jobs tinha mais dinheiro - dizia o FBI - do que poderia gastar numa vida, a manter o estilo de vida sem excessos que praticava.



Outra conclusão é o facto de algumas pessoas considerarem Jobs pouco confiável e pouco honesto. "Algumas pessoas questionavam a sinceridade de Steve Jobs, considerando que ele tinha uma enorme capacidade de dar a volta à verdade e distorcê-la para alcançar os seus objetivos".



A fundamentar a constatação os investigadores juntaram ao processo, entre outros, o depoimento de um amigo que atribuía a Jobs uma personalidade muito complexa e uma enorme ambição, que acabava por colocá-lo frequentemente em confronto com os colegas.



O relatório de 191 páginas resume a informação recolhida com base em entrevistas realizadas junto de amigos, colegas de trabalho e inimigos de Steve Jobs, feitas com o objetivo de traçar um perfil e apurar se existia algo suspeito no passado do fundador da Apple. A divulgação de relatórios de investigação deste género é habitual, após a morte dos investigados.



De sublinhar que depois de fundar a Apple em 1976 Steve Jobs não esteve sempre na empresa. Saiu em 1985, em rutura com a direção e só voltou em 1997.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Cristina A. Ferreira

Nota da Redação: Foi corrigida uma gralha na palavra rutura.