O alerta surge no âmbito das ações preventivas da Guarda Nacional Republicana (GNR), que acaba de partilhar os números de crimes de burla relacionados com o arrendamento de casas de férias em 2023, 2024 e 2025, estes últimos ainda com dados provisórios de 30 de junho. Este ano a PJ já tinha desmantelado uma rede que se dedicava a estas burlas com prejuízos acima de 150 mil euros.

Segundo a GNR, estes esquemas acontecem um pouco por todo o país mas os distritos de Faro (95), Porto (79) e Braga (70) foram os mais afetados. A GNR nota porém que este ano registou uma redução de 16,8% no número de crimes de burla no arrendamento de casas de férias, comparando o ano de 2023 e o ano de 2024, o que atribui ao "impacto das ações preventivas e de sensibilização desenvolvidas pela GNR, sobretudo junto da população mais vulnerável, mas também o empenhamento contínuo da Guarda no combate à criminalidade e na deteção destas atividades suspeitas e ilícitas".

No total, a GNR já deteve, nestes dois anos e meio, mais de 100 pessoas, 12 das quais este an. Em 2023 registou-se o maior número de detenções, com 60 pessoas, caindo o valor para 29 em 2024 e 12 este ano, embora ainda só corresponda a dados provisórios até 30 de junho. Pela prática deste mesmo tipo de crimes, foram identificados 140 suspeitos no ano de 2023, 138 em 2024 e 33 no primeiro semestre de 2025.

Em comunicado, a GNR admite que não há um modo de operação específico, e que são usadas vários esquemas para a burla. "Em regra, constatamos que os suspeitos publicam anúncios de arrendamento de imóveis a preços apelativos, em sítios da internet com relevo e muita visibilidade, podendo algumas dessas publicações serem acompanhadas por fotografias de imóveis reais, apesar do contexto e elementos de arrendamento serem falsos", explica.

Normalmente as ofertas têm preços mais baixos face à concorrência, e depois da pesquisa online os interessados  contactam o anunciante, sendo pedido façam o pagamento de um determinado valor monetário, vulgarmente denominado como “sinal”, para assegurar o imóvel pretendido.

A GNR indica que a vítima só percebe que foi burlada meses depois, quando tenta contactar o suspeito, verificando que o contacto deixou de estar ativo, quando pretende recolher a chave da casa, ou quando verifica que a morada que lhe foi fornecida não existe.

Para evitar estas situações a GNR alinha um conjunto de conselhos aos cidadãos para situações de aquisição ou arrendamento de bens imóveis, recomendando que adotem os seguintes cuidados:

  • Desconfie de ofertas com preços muito abaixo do mercado ou que pareçam demasiado vantajosas face a imóveis semelhantes na mesma zona;
  • Compare anúncios semelhantes e, sempre que possível, solicite uma visita ao imóvel. Caso o proprietário apresente reservas quanto à visita, desconfie;
  • Visite o imóvel presencialmente, pois as imagens partilhadas podem não corresponder à realidade;
  • Pesquise o imóvel em várias plataformas, tendo em atenção que pode estar anunciado em diferentes locais com preços distintos;
  • Esteja atento a pedidos de pagamento de sinal sob o pretexto de haver muitos interessados – pode tratar-se de uma burla;
  • Verifique se existem outros anúncios com as mesmas fotografias ou denúncias de burla associadas;
  • Solicite fotografias adicionais, especialmente do interior do imóvel;
  • Peça a identificação do anunciante ou proprietário, bem como os seus contactos, e confirme se permanecem contactáveis;
  • Confirme, através de um multibanco, se o titular da conta bancária corresponde ao nome do proprietário ou anunciante;
  • Caso receba uma mensagem a indicar que o pagamento não foi rececionado, confirme com o seu banco antes de efetuar novo pagamento.

Este ano a PJ tinha já desmantelado uma rede que se dedicava a burlas com aluguer de casas nas redes sociais que causou prejuízos acima de 150 mil euros. Foram identificadas e ouvidas 143 vítimas, constituídos 20 arguidos, três dos quais ficaram na altura em prisão preventiva.

Também no início de junho deste ano a Airbnb juntou-se à Polícia de Segurança Pública (PSP) e ao Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS) para um alerta sobre as fraudes em reservas de férias, apelando a maior vigilância e utilização de plataformas seguras e de confiança.