No Governo de José Sócrates foi aprovada a criação do Plano Tecnológico da Educação (PTE), um projeto que de 400 milhões de euros que queria colocar Portugal entre os cinco países europeus mais avançados em matéria de modernização tecnológica das escolas em poucos anos.
E se, em 2010, a então ministra Maria de Lurdes Rodrigues garantia que a maioria das metas que tinham sido definidas para esse ano em relação ao Plano Tecnológico da Educação estavam cumpridas, o panorama vivido hoje no ensino nacional apresenta uma realidade bem diferente.
Computadores obsoletos, internet lenta e a sucessiva descida do número de equipamentos nas escolas públicas e privadas são as queixas da maioria dos agrupamentos escolares, avançou hoje o Jornal de Notícias que refere que o material informático das escolas não é reforçado nem atualizado, desde o Plano Tecnológico de José Sócrates, há quase 10 anos.
Segundo o jornal, é necessária a substituição dos computadores que já têm mais de 10 anos de utilização intensiva ou que, avariados, se vão amontoando, no upgrade de software que, na sua maioria, já é incompatível com os equipamentos e numa melhor rede de internet que "não se mexe" quando há mais de uma mão cheia de utilizadores em simultâneo.
Com os programas do Governo a pressuporem recursos digitais que os estabelecimentos de ensino não têm, Fernanda Ladesma, presidente da Associação de Professores de Informática, defende que é “urgente para as escolas que seja aprovado um novo plano tecnológico”.
Também o ministro Tiago Brandão Rodrigues, no arranque da Conferência Internacional de Educação, que se realizou em Lisboa em outubro último, revelou ser necessário recuperar o atraso provocado pelo fim do Plano Tecnológico da Educação, uma decisão que considerou errada por ter “criado um défice oculto nas competências de muitos dos nossos alunos".
De forma a contornar estas limitações, são muitos os alunos que acabam por utilizar os seus equipamentos pessoais, mais rápidos, melhores e mais atualizados.
E, para perceber o que acontece numa escola em que os tablets fazem parte do dia-a-dia, a Fundação Gulbenkian distribuiu equipamentos por todos os alunos e professores de duas turmas dos 7.º e 10.º anos e, durante dois anos letivos, dois investigadores acompanharam todo o processo.
Findo o estudo "Tablets no Ensino e na Aprendizagem. A sala de aula Gulbenkian: Entender o presente, preparar o futuro", José Luís Ramos, um dos autores, apontou que, regra geral, os alunos que mais utilizaram os tablets foram também "os que mais aprenderam", diz o professor, considerando que "os tablets podem ser um recurso muito interessante para a aprendizagem dos alunos".
Apesar de ressalvar que os alunos não são todos iguais e que os resultados do estudo não podem ser extrapolados para a realidade nacional, uma vez que foram acompanhadas apenas duas turmas de uma escola de Lisboa, o professor universitário destaca que é “necessário dar meios às escolas para que possam cumprir aquilo que lhe é pedido”.
O estudo, que será apresentado amanhã, terça-feira, concluiu que as médias a quase todas as disciplinas melhoraram e que as retenções diminuíram, sendo de quase 100% as transições dos alunos que integraram a experiência. A exceção aconteceu a História, cujo professor não aderiu ao projeto.
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