Depois de atacarem websites do Governo e da família real em Espanha, além de vários bancos espanhóis, o grupo de hackers pró-Rússia NoName057(16) centra agora as suas atenções noutro país europeu, avança a empresa de cibersegurança portuguesa VisionWare.

Desta vez, websites do Governo francês estiveram na “mira” dos piratas informáticos, em ataques DDoS que seguem um outro conjunto de incidentes reivindicados por outro grupo de hacktivistas conhecidos pelo nome Anonymous Sudan, que, ainda em junho, atacaram instituições financeiras europeias numa operação coordenada com o grupo Killnet.

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Através de um dos seus canais no Telegram, os hackers do grupo NoName057(16) reivindicam a autoria de vários ataques a um portal do Ministério da Economia francês, assim como ao website dos serviços públicos e da direção-geral de finanças públicas do país.

Ao SAPO TEK, Diogo Carapinha, consultor da VisionWare e sub-coordenador do VisionWare Threat Intelligence Center, começa por explicar que os ataques perpetrados por ambos os grupos “vão muito além do ciberespaço”, com “motivações de cariz político-ideológico”.

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Por um lado, os hackers do grupo NoName057(16) são pró-Rússia. Por outro, os do Anonymous Sudan são um grupo caracterizado pela sua ideologia fundamentalista islâmica, manifestando-se contra o Ocidente.

“Os ataques a França têm sido por motivações diferentes”, realça Diogo Carapinha. No início de agosto, o grupo Anonymous Sudan reivindicou, através do seu canal no Telegram, um conjunto de ataques contra 600 websites do Governo francês, afirmando que estavam a preparar um ataque de maiores proporções para breve.

Anonymous Sudan | Ataques a websites do Governo francês

Aqui a motivação prende-se com as tensões no Níger, onde ocorreu recentemente um golpe de Estado cujos líderes repudiaram a presença da França, assim como da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) no país.

A França posicionou-se contra este golpe, declarando o seu apoio à Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para anular o golpe militar no Níger.

Esta situação é também um dos pontos brevemente mencionados na mensagem deixada pelos hackers do grupo NoName057(16), embora as suas motivações estejam mais fortemente ligadas ao apoio da França à Ucrânia no contexto do conflito contra a Rússia.

A par dos incidentes ligados à França, os piratas informáticos do grupo já avançaram para outros alvos e, através do Telegram, reivindicam a autoria de ataques contra websites do Governo, bancos e outras entidades nos Países Baixos.

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Estes piratas informáticos têm vindo a atacar vários países que declararam o seu apoio à Ucrânia. Tendo em conta este contexto, Portugal estará em risco? 

“Portugal tem começado a ter mais ‘palco’ no plano internacional”, afirma Diogo Carapinha. Aliás, ainda durante a Jornada Mundial da Juventude em Lisboa a equipa da VisionWare esteve a “monitorizar atentamente as atividades destes grupos”, incluindo dos Anonymous Sudan dado às suas motivações de cariz religioso.

“Todos os países que apoiam a Ucrânia estão na ‘mira’” de grupos de hactivistas pró-Rússia, afirma, acrescentando que basta apenas um “trigger point” para espoletar um ataque.