Ao longo dos últimos três dias, a interferência dos Estados Unidos nas direcções que a Internet deve tomar tem estado na ordem do dia no Fórum para a Governanção da Internet, a decorrer no Rio de Janeiro.



O facto da associação ter sido criada pelo governo norte-americano - que patrocinou a maior parte do desenvolvimento inicial da Internet - para ajudar a administrar as funções chave da Web, e do país manter o poder de veto sobre as decisões do ICANN relacionadas com a atribuição de nomes de domínios levam a maioria dos activos na indústria a aclamarem os Estados Unidos como "entidade" de influência indirecta na Internet.



O suposto domínio que o país tem no controlo das decisões ou nas alegadas pressões provenientes das relações políticas entre países tem sido alvo de críticas desde o início do Fórum o que levou Paul Twomey, CEO do ICANN, a pronunciar-se em nome da organização que gere os domínios na Internet.



Nas palavras do responsável, o ICANN não se relaciona com questões políticas e, como tal, não quer ser envolvido em problemas relacionados com as políticas internacionais, porque só assim, conseguirá manter a credibilidade da organização, declarou ao IDG Now.



Depois de ouvir diversas críticas respeitantes à ligação dos EUA ao ICANN, quer actualmente quer no passado, Twomey relembra que do quadro da direcção da associação, que é formado por 11 membros, apenas dois elementos são norte-americanos, o que reflete a influência mínima do país na entidade.



Da mesma forma que critica as opiniões contra a postura norte-americana, o responsável também não poupa aqueles que, como a Internet foi criada por órgãos do país, os Estados Unidos possuem a rede e devem fechá-la a quem não estiver de acordo com as decisões da organização. Quanto a isto, Paul Twomey limitou-se a referir: "tire a Internet de um mercado como o chinês, por exemplo, e verá como o custo de vida nos EUA sobe. Este tipo de pessoas não entende a influência revolucionária que a web exerce na vida de qualquer um".



À parte destas realidades, o actual CEO do ICANN acredita que é possível internacionalizar a organização, mesmo em países que temem a proximidade histórica entre o órgão e o Departamento de Comércio dos EUA. Para isso será necessário apostar em investimentos nas regiões em desenvolvimento: "se tivesse que adivinhar, diria que teremos um grande crescimento na Ásia nos próximos dois anos, abrindo escritórios na região", refere o responsável.



Adicionalmente, durante os três dias, foram ainda abordados temas como a segurança na Internet, a violência e os perigos que a rede traz para os mais novos assim como a possibilidade da rede vir a ser gerida por um órgão independente, como a ONU, possibilidade que, no entender de Vint Cerf, ex-presidente do ICANN, está fora de questão.



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