Partilhar uma fotografia sensual através do telemóvel é um problema e representa um risco? De acordo com um relatório preliminar do estudo EU Kids Online, onde Portugal tem participação, não existem respostas exatas. Isto porque os jovens têm dificuldades em distinguir experiências negativas e experiências positivas.

"Por exemplo, publicar fotografias sexy e receber elogios pode ser entusiasmante. Contudo, a partilha de fotografias desse tipo pode tornar-se numa experiência negativa quando, por exemplo, se recebe comentários maliciosos ou quando essas fotografias são partilhadas com muitas pessoas". Este é um dos exemplos dados para retratar como uma atividade que à partida tem vários riscos associados, pode ser assimilada como uma experiência positiva.

A perceção varia de acordo com os contextos de desenvolvimento dos jovens, incluindo os do plano moral e ético. "Enquanto muitos têm cuidado com informação pessoal, por exemplo, outros acreditam que nada de mal lhes acontecerá, independentemente do que revelem na Internet", explica em comunicado David Smahel, coordenador do estudo.

Relativamente ao sexting, uma tendência que parece cada vez mais popular entre jovens, a investigação europeia concluiu que tanto "eles" como "elas" consideram que é responsabilidade das raparigas evitar que as fotografias de cariz sensual sejam partilhas e difundidas, sob o risco de sofrerem bullying e até mesmo chantagem.

Do grupo de jovens portugueses ouvidos durante a investigação foi relatado o caso de uma jovem que despiu-se para tomar banho e esqueceu-se da webcam do computador ligada, tendo depois sido chantageada por um rapaz. Mas de acordo com um testemunho a experiência acabou por não perturbar muito a vítima.

Mas um outro testemunho cita uma frase que espelha bem os perigos das atividades online e das consequências que pode ter na vida dos jovens e dos adultos: "uma vez na Internet, para sempre na Internet".

As conclusões foram apresentadas no Dia Europeu da Internet Mais Segura, celebração que está a ser marcada com centenas de atividades em Portugal e que fica também marcada pelo lançamento de um kit de ferramentas de proteção de atividade online lançado pela CNPD.

A investigação é baseada nas respostas de 349 participantes de nove países europeus - Bélgica, Espanha, Grécia, Itália, Malta, Portugal, Reino Unido, República Checa e Roménia -, sendo que de Portugal participaram 34 crianças e jovens no estudo, em grupos de foco e por entrevistas individuais realizadas em escolas da área da Grande Lisboa.


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